Há poucas semanas um amigo foi passar férias à grécia e, no regresso, confessou-me que não conseguiu vislumbrar nenhum sinal de crise, tirando uma ou outra manifestação. Que as esplanadas estavam cheias de gregos, que bebiam e riam como se os alemães e o FMI não existissem, que praticamente dançavam indiferentes ao som da crise. Uns dias depois, na televisão vi uma reportagem que reforçava esta ideia. A repórter nas ruas de Atenas ouvia os discípulos de Sócrates e alguns brincavam com o facto de os alemães e os nórdicos só pensarem em trabalho e que eles, gregos, se preocupam em aproveitar essa dádiva celeste que é o Sol e a não desperdiçarem as iguarias alimentares e etílicas.
Vem esta conversa a propósito do Verão que agora começa. Ao olhar para os vários emails que me chegam dos diferentes responsáveis dos locais de veraneio, diria que ninguém acredita que a crise possa influenciar negativamente este campeonato das férias. Os portugueses, à semelhança dos gregos, gostam de aproveitar o sol e a mesa, leia-se gastronomia, para deitar para trás das costas os males que os afligem. Independentemente disso, é notório que este ano muitos daqueles que estão ligados à noite, como donos, gerentes, promotores ou relações públicas, vão apostar nas redondezas da capital. Seja nas praias da Caparica, da Linha ou em Tróia. Também este ano, algumas das discotecas de Lisboa encerram portas durante as férias grandes para reaparecerem no Inverno em força. Muito mudou a noite de Lisboa, que acabou por seguir os passos do Porto e do próprio Algarve, onde aqueles que fazem as festas determinam o sucesso das casas.Assim sendo, como nesta altura partem para outras latitudes, é natural que os espaços onde trabalham no Inverno fiquem às moscas.
Garantido também é que no Algarve, de Sagres a Vila Real de S. António, não faltará animação. Há uns anos, não muitos, o eixo nocturno de discotecas de grandes dimensões restringia-se a Albufeira, Vilamoura e Quinta do Lago. Agora não faltam discotecas, bares e ‘beach qualquer coisa’ em toda a costa.
vitor.rainho@sol.pt