Noite ‘religiosa’ no SBSR ao som de Arcade Fire e Portishead [FOTOS

«Ensinem os outros países a ter multidões», elogia Win Buttler quando volta ao palco para um encore e o Meco explode numa ovação. Num segundo dia e noite em que a energia do público correspondeu à música que se tocou, o SBSR ouviu com atenção (e reverência) Portishead e depois Arcade Fire.

veja aqui as fotos

a anunciar uma noite que, apesar de menos eufórica que a do arranque do festival, não deixou de colocar as emoções à flor da pele, a tarde começou com a música suave e melancólica de noidserv.

mais tarde, a audiência deixar-se-ia embalar pela sinfonia de rodrigo leão & cinema ensemble e acompanharia em coro enquanto ana vieira canta a conhecida ‘vida tão estranha’.

‘pásion’, a fechar o concerto foi romântico e especial e ao som de rasgos de tango vários casais aproveitaram para dançar enquanto o sol desaparecia entre as árvores.

sónia tavares dos the gift subiu ao palco eram quase 21.30. vestida de rosa choque, dançou, cantou, interagiu e puxou por um público que ansiava por arcade fire e portishead.

se os the gift podiam ter convencido com as músicas antigas, podiam. mas optaram por dar prioridade aos temas mais recentes.

a provar que o público merecia uma visita ao passado, ‘driving you slow’ foi a música que arrancou a maior ovação.

quando a banda de beth gibbons sobe ao palco, sente-se no ar a energia pesada, mas etérea, descer sobre o anfiteatro da herdade do cabeço da flauta.

há quem dance, quem esteja estático olhando para o palco sem desviar o olhar e quem aprecie aquela voz poderosa apenas com um sorriso na cara.

é verdade, o público já estava conquistado antes mesmo de os portishead entrarem em palco, mas temas como ‘roads’ e ‘mysterions’ confirmaram o porquê de a banda de bristol ser um objecto de culto.

arcade fire foram iguais a si próprios, cativantes e com uma alegria que colocou o público aos seus pés desde o primeiro acorde.

apesar de o som estar tão baixo e abafado que o coro de vozes se fazia ouvir por cima dos instrumentos, a voz de fada e a postura brincalhona de regine no seu vestido brilhante conseguiu cativar um público que desde o cancelamento do concerto do pavilhão atlântico em novembro estava anisoso para ouvir a banda.

músicas icónicas entoadas como hinos não faltaram – ‘laika’, ‘haiti’, ‘tunnels’, ‘wake up’, ‘rebellion ‘(lies)’ – e no final banda e público sairam satisfeitos e vitoriosos.

catarina.palma@sol.pt