de acordo com a agência de estatística local, em 2010, macau importou seis milhões de litros de vinho por um valor de 125 milhões de euros, mais 30% do que em 2009. este crescimento, suportado pela expansão económica e pelo jogo, tem beneficiado o vinho francês que, com 35% de quota, ultrapassou consideravelmente a posição de dominância que os vinhos de portugal sempre tiveram.
o grupo chinês de joalharia tesiro comprou uma quinta vinhateira (designada por château) em bordéus. o château laulan ducos, no médoc, é já a quinta propriedade a mudar para controlo chinês, nos tempos recentes, depois dos châteaux latour-laguens, richelieu, chenu lafitte e de viaud. também o afamado château lascombes, com qualidade classificada na localidade de margaux, está a ser alvo de propostas do oriente.
talvez com surpresa para muitos leitores, o vinho importado pela china apenas representa 15% do vinho consumido pelos chineses, que bebem o produto local. o crescimento do consumo, entre 2005 e 2009 foi de 400% (!) e o crescimento esperado até 2014 é de 56%. mais importante ainda é que o crescimento em valor é 1,5 vezes superior ao crescimento do consumo. estima-se que, em 2014, o mercado chinês atinja vendas no valor de cinco mil milhões de euros.
falando de outro extremo, o enoturismo, ou turismo do vinho, é um dos segmentos da indústria do turismo sul-africano que regista maior crescimento e alta rentabilidade. «em 2009, o enoturismo gerou receitas de 440 milhões de euros e acredito plenamente que se trata de uma área com enorme potencial de crescimento. considero estratégico para a áfrica do sul porque nos diferencia de outros destinos turísticos como o brasil, o quénia ou a tailândia», disse o ministro do turismo daquele país. a indústria do turismo sul-africana representa 9,2% do pib, 4,8 % das exportações e 9,2% do investimento.
se juntarmos estas notícias do vinho, talvez os novos governantes se apercebam da necessidade de reforço dos incentivos para o enoturismo e da inevitabilidade de reflectir, promover e operacionalizar investimento estrangeiro, chinês ou outro, em áreas nucleares e diferenciadoras, como é o vinho em portugal.
anibal.coutinho@sol.pt
