«o perfil do campista tem vindo a alterar-se», refere carlos henriques, do roteiro campista, guia de referência no sector, para quem o campismo é hoje «uma actividade por gosto e não por necessidade».
jorge viana, director da federação de campismo e montanhismo de portugal, confirma que a prática de campismo não tem a ver com as condições económicas dos campistas. diz que a maioria «gosta de estar em contacto com a natureza, usufruindo das suas potencialidades e com respeito pela sua preservação».
no campo ou junto ao mar, carlos henriques, do roteiro campista, garante que há mais gente a acampar sem tenda e a tirar partido dos equipamentos de aluguer. ressalva até que «quem quiser andar de mochila às costas poupa, de facto, mas cada vez as pessoas procuram mais a comodidade».
é por esta razão que os bungalows de dois pisos da orbitur, parte do imaginário de gerações de campistas portugueses, foram substituídos por modernas tipologias, mas o conceito é o mesmo: acampar como se estivesse em casa.
«um bungalow para quatro pessoas, na quarteira, algarve, fica por pouco mais de 20 euros/dia/pessoa», refere jaime teixeira, presidente da orbitur. e isto com possibilidade de cozinhar, com casa de banho privativa, camas, roupa de casa e louças: «é importante sobretudo para famílias com crianças, que assim evitam gastos extra em refeições fora».
além de ficarem com mais dinheiro no bolso, os turistas poupam o ambiente. ou, pelo menos, são incentivados a fazê-lo. nos parques da orbitur, que em 2010 registaram um milhão e duzentas mil dormidas, são utilizadas lâmpadas de baixo consumo, a água dos banhos é aquecida por painéis solares e há ecopontos para a recolha do lixo.
«reduzimos os consumos com a aposta nas energias renováveis», explica jaime teixeira, acrescentando que é também promovida a racionalização de água, através da redução do caudal e instalação de temporizadores nas torneiras.
os parques de campismo do algarve são os campeões da procura. quanto mais a sul estão localizadas estas estruturas, mais ocupação têm ao longo de todo o ano. os estrangeiros, por exemplo, vêm com a sua caravana à procura de descanso, mas também de temperaturas amenas no inverno. «ficam de novembro a maio. a partir daí, e mais em julho e agosto, temos espanhóis e portugueses. os espanhóis vêm para a costa alentejana e para vagos; à nazaré chegam muitos franceses», diz carlos henriques.
os jovens acampam «nas zonas próximas de festivais, como sagres e caminha, e em lugares conhecidos pelo surf e outros desportos aquáticos». e procuram alternativas à tenda – semelhantes às caravanas, as mobile camps não têm cozinha nem wc e são mais acessíveis em termos de preço.