a cantora, multi-instrumentista e compositora espanhola mercedes péon estreou o palco do castelo medieval esta quarta-feira com a apresentação do seu último disco, sós.
fotogaleria: as imagens do segundo fim-de-semana do festival.
sozinha em palco, numa viagem profusa em cumplicidade com o público, a artista multi-instrumentista deu uso a um kit básico de bateria, alternando a pandeireta e a gaita de foles galegas com uma inesperada percussão a partir da lâmina de uma enxada, e intensas camadas de samples e loops. foi assim que se propôs “desarranjar” a música tradicional galega, que disse ser “como uma flor silvestre: perfeita”.
perto das 20h, os rakia abriram oficialmente a temporada de concertos da avenida contígua à praia vasco da gama. formada por músicos ligados a grupos portuenses como mu e mandrágora, o projecto português cantou em esperanto e português fundindo instrumentos tão diversos quanto a viola campaniça, o violino, a flauta transversal, a derbouka e o baixo eléctrico.
às 22h, a cantora, baixista e percussionista manou gallo, natural da costa do marfim, subiu ao palco do castelo com a banda acústica belga women band. numa mostra diversa de virtuosismo, com direito a encore, manou e as artistas que escolheu a dedo para a acompanharem desde há dois anos – o único homem em palco era o baterista – suscitaram gritos elogiosos da parte do público com temas do álbum lowlin.
à artista da diáspora africana sucederam os mama rosin, jovem trio suíço que se deu à ousadia de atacar o zydeco, estilo de música nascido há dois séculos no seio da comunidade crioula negra do luisiana, com a energia do rock. robin girod, vocalista, disse que este “era o melhor festival do mundo” e confessou ter pedido “ao manager para voltar no próximo ano”.
a dança prosseguiu com o mais entusiástico dos concertos da noite. blitz the embassador, rapper aparentemente ‘perdido’ num cartaz de world music, mostrou por que é uma das grandes promessas do hip hop da segunda década do séc. xxi.
num concerto orgânico, sem maquinaria, blitz aliou a rebeldia do rap à criatividade orquestral da sua banda, the embassy ensemble, percorrendo géneros como o highlife, afrobeat, jazz e soul. entre palmas e passos coreografados, pedidos em português – “façam barulho!” – e incursões irresistíveis em clássicos como ‘pata pata’ de miriam makeba, blitz deu a volta ao público.
passavam das 3h da manhã quando a multidão arrastou-se para o palco da avenida da praia, para ouvir os mikado lab, projecto de jazz português. liderado pelo compositor e baterista marco franco, o trio fechou a noite afirmando-se como uma fonte inesgotável de exploração.
hoje, quinta-feira, as atenções repartem-se especialmente entre o projecto desert slide, liderado pelo indiano vishwa mohan bhatt, e a cantora-revelação nomfusi, da áfrica do sul.