Festival Músicas do Mundo: Epifania da Iacútia [com fotogaleria

Numa programação dominada por projectos portugueses, a noite de sexta-feira no Festival de Músicas do Mundo, em Sines, teve no trio Ayarkhaan, da República russa da Iacútia, um assombroso momento de revelação.

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foram três os grupos a representar (e bem) portugal na noite de ontem, que começou com os l.u.m.e. (lisbon underground music ensemble), big band portuguesa composta por 15 músicos vindos do jazz e da música erudita que deram um concerto criativo e ecléctico orquestrado por marco barroso.

também os concertos avenida da praia ficaram a cargo de portugueses: os lousy guru espalharam as suas harmonias vocais pela avenida da praia, num sopro de maresia da pop californiana dos anos 60 que evocam; e os açorianos o experimentar na m’incomoda fecharam a noite dando uso a samplers, sequenciadores e sintetizadores para reinventar com humor e uma cadência muito própria a tradição oral e musical açoriana.

mas foi pelas 22h, no castelo, que se deu o grande momento da noite – senão o mais curioso do festival – abafando a priori as duas bandas que se seguiram: os franceses marchand vs burger e os alemães dissidenten.

o feito coube ao trio feminino, sacerdotisas descidas à terra, ayarkhaan, da iacútia, na zona asiática da federação russa. nelas apenas reconhecemos pontos de contacto com as conhecidas finlandesas vartinna, com os cantos polifónicos da bulgária e com o canto gutural de tuva.

tudo o resto era deliciosa e assombrosamente desconhecido: o culto da natureza feito de ventos, pássaros e cavalos invocados apenas pela sua voz, instrumento único em palco a par dos khomus, berimbaus de boca – usados como amplificadores das suas reverberações xamânicas e como objecto de percussão.

hoje o festival encerra, entre outros, com o muito esperado ministro da cultura de cabo verde mário lúcio e os jamaicanos sly & robbie.

aisha.rahim@sol.pt