ao contrário do seu primeiro mandato (1985-1990), alan garcía sai da presidência sem que o país esteja em hiperinflação ou ameaçado pelo terrorismo. e – tão ou mais importante – não é um fujimori que lhe sucede.
foi ollanta humala quem impediu que keiko, a filha do recluso alberto fujimori, alcançasse o poder. humala perdera as eleições de 2006 para garcía com um discurso inflamado de nacionalismo e pintalgado de socialismo – uma mistura explosiva apoiada por hugo chávez. desta vez moderou a imagem (com aconselhamento brasileiro), pediu silêncio ao ruidoso venezuelano e exerce desde quinta-feira como presidente. filho de um extremista que ligou com cuspo o império inca a um nacionalismo baseado nas populações indígenas e apoiado nas forças armadas (não por acaso, ollanta é militar), venceu nas urnas com o apoio de comunistas e radicais. mas como não dispõe de maioria parlamentar, irá mesmo seguir a via lula, a que permita continuar o crescimento económico e ao mesmo tempo lançar políticas sociais que tirem da pobreza um terço da população. a nomeação da equipa do governo e a continuidade do governador do banco central assim o comprova. a inexperiência é que pode ser fatal. enviou à socapa um irmão à rússia para discutir negócios ‘quentes’ como armamento ou energia nuclear. consequência: queda recorde de 30 pontos na taxa de aprovação.