‘É cedo para falar de ajustes ao plano da troika’

O presidente do Santander Totta, Nuno Amado, pensa que Portugal não está em condições para renegociar um acordo que estabeleceu há apenas três meses. A prioridade é «executá-lo bem e rápido».

o banqueiro lamenta ainda que os políticos não tenham tomado mais cedo medidas para ajudar portugal a sair da crise, mas considera que «agora não há tempo a perder».

o país está a sofrer não apenas devido aos seus problemas, mas por fazer parte da europa, que está em risco de sobrevivência?

estamos a sofrer, sobretudo, por termos níveis de défices público e da balança de transacções correntes muito elevados. não produzimos o suficiente para o nível de vida que temos e o estado gasta mais do que devia e, provavelmente, não gasta bem. não quer dizer que também não estejamos a ser afectados por outros aspectos, como por exemplo os europeus. mas recomendo que não falemos tanto desses. o que temos de fazer é focar-nos nos nossos problemas.

e o que portugal pode fazer?

o país tem de implementar de forma estrita, entenda-se, pelo menos o que está no plano da troika, que é um plano nosso. foi acordado. e temos de o fazer o mais rapidamente possível.

qual é a área mais crítica?

o plano é integrado. temos é de aproveitá-lo, e ao consenso alargado sufragado nas últimas eleições, para fazer as mudanças necessárias e obrigatórias para os próximos 10 anos serem mais sustentáveis do que os últimos, que não o foram de todo.

há quem peça uma revisão do plano da troika. concorda?

o plano foi acordado há três meses e a primeira coisa é implementá-lo durante uns trimestres. depois, se houver condições para negociar, caso seja necessário, isso poderá ser feito. não me parece que agora seja simples, nem que estejamos numa posição negociável adequada para tentar ajustar temas importantes, quando fechámos um acordo há tão pouco tempo.

o mesmo se pode dizer sobre o plano de ajuda à banca?

na minha opinião, sim. o que temos é de nos orientar para uma aplicação desse programa com bom senso. se os bancos e as autoridades fizerem os seus esforços para fazer uma aplicação não forçada, nem exagerada, mas com sentido, iremos ultrapassar os problemas sem grandes dificuldades.

tania.ferreira@sol.pt