Ondas celestiais

A actividade nocturna ganhou finalmente o estatuto de profissão séria. Se não, vejamos: muitas marcas ou empresas, de roupa, de carros, de bebidas, de seguros e de uma infinidade de actividades, optam agora por publicitar os seus produtos associando-se a uma festa que se pretende temática e onde o seu nome sobressaia.

Além da exposição física, por exemplo, de carros à entrada, de zepelins, de meninas a oferecer algo relacionado com o produto, há um truque, muito usado nos últimos anos, que consiste em colocar um enorme painel à entrada da discoteca ou da sala onde se realiza o ‘baile’.

Todos os convidados ‘especiais’ são levados a tirar uma fotografia à frente do referido placard que tem como pano de fundo a marca patrocinadora. Nos jornais, nas revistas, na televisão ou nas redes sociais o retorno é enorme. O problema é que não existem muitas figuras que se prestem a esse papel e às tantas os mesmos cromos aparecem repetidos muitas vezes.

Não sei se as marcas ficam muito contentes, mas calculo que não. Sabe-se que existe uma espécie de tabela que define a mais-valia de cada uma das personagens que aparecem nessas situações. Já fui apanhado algumas vezes nesse número, por estar ou ser amigo de alguém relacionado com a festa, e apesar de ser uma situação embaraçosa, não lhe dei grande importância. Os profissionais do ramo é que têm de gostar ou não.

Mas voltando aos investimentos publicitários e à honorabilidade da noite, um dos mais surpreendentes, e que dá à animação nocturna uma certa bênção quase divina, é a aposta do grupo Renascença. Uma das festas que se reproduzem nestas páginas é uma homenagem ao burlesco, onde as mulheres aparecem de cintos de liga e de chicotes na mão!

As rádios do grupo da Igreja Católica estão a perder a cabeça e querem transformar o ‘céu terrestre’ num paraíso do pecado ao som dos terríveis hits dos anos 80. Não se pode ter tudo, dirão alguns. Outros acharão que é preferível apostar no ambiente em detrimento da música. Estando nesta altura a trabalhar em Luanda não posso deixar de sorrir com as imagens que me chegam. Ainda por cima, por aqui estamos no Inverno…

vitor.rainho@sol.pt