a praia artificial de mangualde, com um milhão e 300 mil litros de água, está ‘mergulhada’ num conflito político. a câmara municipal de viseu (social-democrata) acusa mangualde de uma dívida de água que ronda os 250 mil euros e de ultrapassar a quota a que tem direito. e ameaça cortar a água àquele concelho, caso a factura não seja paga em breve. a autarquia mangualdense (socialista) encara isto como uma punição política.
«estamos perante perseguição política a um projecto desenvolvido em mangualde: a praia» – acusa o vice-presidente da autarquia de mangualde, joaquim patrício. por seu turno, o autarca viseense, fernando ruas, sublinha ao sol que, ao contrário do que patrício insinua, nunca quis o projecto da praia artificial na capital de distrito.
a câmara de mangualde – que vai gastar 300 mil euros anuais com a praia artificial e que, em 2000, investira já dois milhões na construção de um complexo de piscinas – assume ter uma dívida no valor 202.528, 98 euros, mas garante que «os gastos de água são os normais nesta época alta». a autarquia nega mesmo que a praia esteja a fazer aumentar o consumo: «a água da praia nunca foi mudada desde que foi enchida. é tratada e há um consumo decorrente da lavagem dos filtros».
fernando ruas esclarece que nunca referiu que o aumento do consumo em mangualde se devia à praia. aquilo que o autarca sublinha é que, além da elevada dívida, mangualde ultrapassou a percentagem de água a que tem direito: «por pressões junto do operador da estação de tratamento, mangualde bombeou mais água do que devia».
viseu gere o sistema intermunicipal de abastecimento de água de mangualde (quota de 11,5%) nelas (15,5%), penalva do castelo (3%) e a capital de distrito (70%) a água que abastece as populações é proveniente da barragem de fagilde.
a factura de mangualde (que é conjunta com a de nelas) tem aumentado de ano para ano. no mês de julho, foi de cerca de 30 mil euros em 2009, em 2010 chegou aos 40 mil euros e este ano atingiu os 46 mil. no total anual, em 2009 a factura foi de 349 mil euros e em 2010 agravou-se em mais 61 mil euros.
segundo ruas, «nos últimos tempos, a albufeira de fagilde teve uma baixa de quota». «se a água desce, de uma forma incrível, e não se apuram responsáveis, um dia destes não temos água para consumo doméstico», alerta. a autarquia de mangualde, por seu lado, diz que, «este ano, a cota da barragem tem máximos históricos; nunca esteve tão cheia».
para justificar a dívida, mangualde aponta culpas a nelas (psd/cds), dizendo que este município deve a mangualde 349 mil euros. e garante que, quando nelas lhe pagar, saldará a dívida. o sol contactou a câmara de nelas, para obter esclarecimentos, mas a resposta que a autarca, isaura pedro, fez transmitir através da secretária foi esta: «estamos no coração do dão. se quiser falar sobre vinho, que até vamos ter a feira do vinho daqui por uns dias, tudo bem, mas sobre outros assuntos não nos pronunciamos».
já o autarca de penalva do castelo, leonídio monteiro, esclarece ter as contas da água em dia e indica que «quem deve, tem de pagar, até porque os munícipes já pagaram a água». «as desculpas são sempre de mau pagador», exprime.
liliana.garcia@sol.pt