é triste, mas também sintomático de uma sociedade que há bem pouco se chocou com as perigosas relações entre um poderoso grupo de media com métodos mafiosos, a polícia e o primeiro-ministro que hoje estão debaixo de fogo.
não pelas razões invocadas pelo sinistro presidente iraniano (ahmadinejad condenou o «comportamento selvagem da polícia» e pediu, como o regime de kadhafi, que o conselho de segurança da onu reaja aos «crimes» ordenados pelo governo). mas pelos motivos inversos. polícia e governo menosprezaram os primeiros sinais de vandalismo – confundindo-os com as manifestações pela morte de um cidadão às mãos das forças de segurança – e mostraram-se impassíveis. cameron demorou a regressar de férias e a pedir a reabertura da câmara doscomuns.por fim, quando falou prometeu levar os desordeiros à justiça. e fê-lo de forma dura: «na nossa sociedade há bolsas que não estão apenas disfuncionais, mas francamente doentes». já na câmara dos comuns, e após sentir a pressão, quer do próprio partido quer da oposição para não cortar no orçamento da polícia, reconheceu que as autoridades não estiveram à altura dos acontecimentos – uma crítica que não estendeu à secretária da tutela theresa may, nem a si próprio.
apagada a chama da violência, o líder trabalhistaedmiliband disse que, sem desculpar os actos criminosos, há que tentar percebê-los. uma proposta ignorada pelo primeiro-ministro britânico.
césar avó