O triunfo dos bregas

O mundo da bola, nos últimos tempos, tem determinado algumas modas e por esse mundo fora não faltam imitadores dos craques. É na forma de vestir, casacos sem nada por baixo, nos brincos de diamantes, nos peitos depilados e, claro, nos penteados.

Se noutras épocas os jogadores eram tidos com uns verdadeiros bimbos, com as devidas excepções, na actualidade eles andam de braço dado com os estilistas mais famosos e são, em alguns casos, a sua imagem de marca.

Como é do conhecimento geral, os homens da bola (alguns, é certo) adoptaram o estilo de penteado que celebrizou Robert de Niro no filme Taxi Driver, quando usou um corte de cabelo à moicano. Seria, portanto, normal que por essas pistas de dança fora não faltassem clones dos Neymares e afins.Mas não. Parece que, regra geral, ninguém quer imitar tão mau gosto e não é fácil encontrar uma cabeça tão mal ornamentada em discotecas da moda.

É evidente que nos lugares mais bregas não será assim tão difícil avistar tais espécimes, pois é nesse segmento que se encontram os maiores clones dos jogadores da bola. Os ícones da moda do passado e alguns do presente – George Clooney ou Brad Pitt, por exemplo – primavam por serem cartões de visita de bom gosto. Influenciavam gerações que procuravam distinguir-se pela elegância, fosse no corte do fato, fosse no corte de cabelo. Cultivava-se um certo bom gosto. Alguém consegue imaginar James Bond com um penteado à moicano? Penso que não.

A moda tem mesmo coisas curiosas. Há dois ou três anos, uma das regras de ouro para se entrar em algumas discotecas ditas in era não aparecer com uma camisola em bico. Em tão pouco espaço de tempo, o que era brega passou a ser moda. Hoje, o mais importante para se considerar que alguém está na moda é o dinheiro e o que isso significa. E significa que se pode aparecer com um corte de cabelo que em tempos não muito distantes era sinónimo de cartão vermelho, impossibilitando tal criatura de entrar na discoteca ou bar, ou vestir uns trapinhos que antes se associava a trabalhadores da construção civil.Mudam-se os tempos, mudam-se as obras.

vitor.rainho@sol.pt