como hoje a economia resulta em grande medida do conhecimento científico, não admira que o eixo desse conhecimento esteja também a mudar para o oriente. prevê-se que por volta de 2016 a economia da china ultrapasse a dos estados unidos e prevê-se ainda que, antes desse ano, o número de artigos científicos chineses ultrapasse o dos americanos.
quem tem mais e melhores instrumentos pode fazer mais e melhor ciência. e o computador é hoje um instrumento essencial em todas as áreas da investigação científica e tecnológica. um bom indicador do crescimento da china na ciência é, por isso, o número de computadores chineses na lista top 500 dos supercomputadores em todo o mundo: são já 61. e, nos cinco lugares da frente, têm duas máquinas, que partilham o pódio com duas máquinas japonesas e uma só americana. até junho passado a china dispunha mesmo do maior supercomputador mundial, o tianhe-1, situado em tianjin. essa máquina foi então ultrapassada por outra japonesa, chamada simplesmente k, em kobe, que tem um poder de cálculo equivalente a um milhão de computadores pessoais e consome a energia equivalente a dez mil lares.
como se fazem e para que servem os supercomputadores? os supercomputadores constroem-se, actualmente, juntando milhares de processadores que trabalham em paralelo. os computadores, em geral, e os supercomputadores, em particular, efectuam simulações, isto é, obtêm modelos do mundo, cujo conhecimento nos permite antecipar o futuro, por exemplo conhecer o tempo que vai fazer amanhã, ou o clima nas próximas décadas. de facto, o boletim meteorológico que vemos na televisão ou nos jornais resulta de supercálculos. por sua vez, para saber ao certo como será o clima daqui a meio século, supondo diversos cenários económicos, é necessário ter mais poder de cálculo do que existe hoje. por ocasião do tratado de quioto, em 1997, começou a ser desenvolvido um supercomputador japonês que liderou o top 500 e que se destinava a prever o clima da terra. hoje o k bate-o, mas não chega. quem tiver mais poder de cálculo conseguirá saber melhor como vai ser o dia de amanhã e, portanto, estar mais prevenido. o filósofo inglês francis bacon disse que «saber é poder». ora esse processo acontece cada vez mais em duas fases: saber é prever e, evidentemente, prever é poder.
portugal não aparece na lista do top 500, mas tem crescido nessa área. está em curso a substituição do supercomputador milipeia da universidade de coimbra por outro bem mais poderoso. a nova máquina, tal como a anterior, vai estar aberta à comunidade científica que precisa de cálculo intensivo. em portugal também se vai poder mais…
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