costa acusou o novo líder de «procurar intimidade com os jornalistas» e recusou-se a partilhar com seguro a entrevista que estava a dar a uma televisão.
tudo aconteceu a meio da tarde. seguro, em visita pela área da comunicação social, irrompeu pelo estúdio da tvi, durante uma entrevista de antónio costa. em directo, um jornalista da estação convidou seguro a juntar-se à conversa. costa não gostou e passados instantes, resolvou abandonar o seu lugar. «vou-me embora, se não se importam», disse. com a pressa ia levando consigo o microfone de lapela.
em registo irónico, declarou depois à lusa que «as entrevistas são individuais» e que no momento em saiu do estúdio a sua «entrevista estava dada». costa criticou ainda o registo de «intimidade com os jornalistas» que seguro procura para se demarcar de josé sócrates.
«tem sido uma preocupação clara [de seguro] marcar uma distinção relativamente à anterior liderança do ps. parece-me que se trata de uma nova etapa de intimidade entre a liderança política [do ps] e a comunicação social», disse aos jornalistas, fazendo um sorriso.
para costa, «é manifesto que [josé sócrates] tinha outro género de relação com os jornalistas, menos íntima, mais concentrada nas pessoas e com menor envolvimento com a teia mediática». antónio costa, apesar de ser comentador habitual da sic, no programa quadratura do círculo, tem um estilo de relacionamento com a comunicação social austero e algo distante.
depois do incidente, seguro continuou a visita aos jornalistas, sorrindo, enquanto percorrria as bancadas da comunicação social, com câmaras de televisão atrás.
uma hora depois dos incidentes, o líder esteve sentado na bancada de antónio costa a falar com ele. depois voltou para a tribuna de honra. o líder terá estado a explicar-se e a tentar resolver o incidente.
costa ignorou seguro
a rivalidade entre ambos é antiga. costa e seguro durante o consulado de josé sócrates eram considerados os únicos socialistas com capacidade para mobilizar o partido. após as legislativas e a renúncia de sócrates, o presidente da câmara de lisboa alimentou algumas dúvidas sobre a sua intenção, mas acabou por dizer que não estava na corrida.
só então avançou francisco assis, condicionado pelo compasso de espera.
na altura em que seguro se assumiu como candidato, antónio costa (que apoiou assis) teve uma tirada que ficou célebre, durante a sua intervenção na ‘quadratura do círculo’: «não conheço antónio josé seguro». a frase significava que não reconhecia a seguro pensamento político relevante, dado que ambos militam no ps há 30 anos, tendo partilhado lugares de direcção e como deputados do ps.
seguro durante o socratismo remeteu-se a um lugar de retaguarda, no parlamento. durante a última campanha eleitoral apenas discursou no seu círculo eleitoral.
manuel.a.magalhaes@sol.pt c/ lusa