Lenny Kravitz: o rebelde de ascendência nobre

‘Black and White America’ é o novo disco de Lenny Kravitz. A inspiração para o trabalho surgiu nas Bahamas, onde o músico vive há três anos, depois de ‘abdicar’ da vida de luxo que tinha nos EUA

quando lhe perguntavam, ainda miúdo, o que queria ser quando fosse grande, leonard albert kravitz soltava sempre a mesma resposta: queria ser músico. os pais – uma actriz natural das bahamas de ascendência afro-americana e um produtor da televisão nbc – nunca compreenderam a origem do fascínio pela música, mas o filho, carinhosamente tratado por lenny, começou a apregoá-la prematuramente. aos cinco anos, revelou a certeza de que faria carreira na música, mas dois anos antes, aos três, já brincava em casa com as panelas da cozinha, como se estivesse a tocar bateria.

esta determinação, comenta lenny kravitz quando recorda a sua infância, acabou por convencer os pais a deixarem-no estudar bateria e, mais tarde, guitarra. além disso, lembra frequentemente o músico, os seus pais encorajavam a aprendizagem musical e faziam questão de o levar a concertos. o primeiro a que assistiu, com sete anos, foi um espectáculo dos jackson 5 (a conhecida banda de michael jackson e os seus irmãos) no madison square garden, em nova iorque.

ter nascido em manhattan, no seio de uma família de classe média/alta, também contaminou positivamente a formação de lenny kravitz, não só como pessoa, mas também como músico. além de passar várias noites na broadway, nos teatros onde a mãe ia trabalhando, também conheceu uma série de personalidades consagradas no mundo da música porque o pai, além de trabalhar na nbc, também era promotor de jazz. duke ellington, ella fitzgerald e miles davis eram algumas das celebridades que frequentavam a casa de lenny kravitz quando este era ainda uma criança.

o percurso escolar beneficiou, naturalmente, a formação musical e aos 10 anos – quando lenny se mudou com os pais para los angeles, depois de a mãe ter conseguido um papel na conhecida série norte-americana the jeffersons – o cantor juntou-se ao california boys choir, coro onde permaneceu durante três anos.

quatro anos depois, lenny foi aceite na conceituada beverly hills high school, onde prosseguiu a sua formação musical. um dos seus colegas de turma era o guitarrista saul hudson, mais conhecido como slash, dos guns n’roses. o convívio com os restantes alunos da beverly hills high school permitiu a lenny conhecer sonoridades mais modernas (em comparação com as que ouvia em casa dos pais), nomeadamente o rock e a pop.

«como qualquer jovem, sentia-me atraído pelas coisas cool, por raparigas e pelo estilo de vida de estrelas rock como, entre outros, os led zeppelin, kiss, aerosmith, jimi hendrix, pink floyd e the who», comentou o músico, em 2002, ao jornal britânico the guardian. esta simpatia por um estilo de vida mais boémio começou a preocupar os pais e as discussões familiares acabaram por se tornar inevitáveis. lenny passava cada vez mais tempo fora de casa e só ia à escola para as aulas de música.

alexandra.ho@sol.pt