apesar da sua distância e da sua velocidade, consegue ver-se bem a olho nu, sendo um dos objectos mais brilhantes do céu. constitui um passatempo interessante procurar na internet em que dia e a que horas ela vai passar por cima do sítio em que habitamos e tentar observá-la numa das suas fugazes passagens.
chama-se estação espacial internacional, em inglês international space station (iss). trata-se de um enorme laboratório espacial, resultante da junção de vários módulos, montados com o esforço comum das agências espaciais de muitas nações: os estados unidos, a rússia, a união europeia, o japão e o canadá. neste momento é habitada por seis astronautas – três russos, dois norte-americanos e um japonês – que lá vivem há alguns meses em boa harmonia. depois de anos de guerra fria no espaço, a iss é o perfeito exemplo de como a competição pode dar lugar à cooperação.
apesar do êxito das numerosas experiências que têm sido realizadas a bordo, designadamente para conhecer o modo como o corpo humano se adapta durante um tempo prolongado a condições de gravidade zero, a iss encontra-se neste momento ameaçada. em primeiro lugar as viagens à iss tornaram-se mais difíceis depois de a nave atlantis ter efectuado, em julho passado, o último voo do programa norte-americano de vaivéns. em segundo lugar e pior, um lançamento da nave russa não tripulada progress, contendo três toneladas de mantimentos, propulsionada por um foguetão soyuz, falhou estrondosamente a 24 de agosto. como as naves soyuz tripuladas são lançadas por esse mesmo foguetão (neste momento o único meio de subir até à iss), o desastre vai atrasar a substituição da equipa a bordo que deveria começar a 8 de setembro. felizmente que há reservas de víveres em quantidade suficiente… por último, a iss já tem 13 anos de plena actividade, pelo que o seu fim começa a estar à vista: segundo declarações recentes de um porta-voz da agência russa, a sua morte poderá ser em 2020, com a sua queda, mais ou menos controlada, no oceano pacífico, tal como sucedeu com as suas antecessoras skylab e mir. também na astronáutica não há bem que nunca acabe.
o funcionamento da iss é extremamente caro e a crise económico-financeira no mundo ocidental tem dificultado qualquer planeamento. em particular, a nasa, a agência norte-americana, tem hesitado na formulação dos seus projectos talvez porque não saiba o financiamento com que poderá contar. mas era bom que ela e as suas congéneres pensassem desde já, em conjunto, no futuro da presença humana no espaço após o fim da estação.
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