Até agora os protestos assemelham-se mais aos movimentos sociais como o nosso, da chamada ‘geração à rasca’, ou o dos ‘indignados’ espanhóis, do que um movimento político capaz de derrubar o Governo. Este, ainda assim, criou um comité para sugerir respostas ao Executivo.
Mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o seu ultramontano ministro dos Negócios Estrangeiros Avigdor Lieberman arriscam tanto ou mais no campo diplomático. Recusaram pedir desculpas ao único aliado na região, a Turquia, na sequência do relatório das Nações Unidas sobre o ataque de forças especiais israelitas ao Navi Marmara, do qual resultou a morte de nove turcos, activistas pró-Gaza.
Mas há mais. Numa altura em que a Autoridade Palestiniana procura o reconhecimento nas Nações Unidas, Robert Gates, ex-secretário da Defesa de Bush e Obama, criticou duramente o chefe do Governo hebraico. Chamou-o de «ingrato» em relação aos Estados Unidos e disse que a política externa de Netanyahu está a isolar cada vez mais o país. Se adicionarmos a isto pequenos sinais, como a condenação, nesta semana, de um cientista norte-americano que passava segredos aos serviços secretos israelitas, ou a detenção, sem acusação formada, de um jornalista da Aljazeera, temos um quebra-cabeças em que as peças não se unem nem com cola.