As mesmas fontes acreditam que para já o ideal seria «um consenso entre os países europeus sobre uma proposta intercalar. Não uma posição final mas sim um primeiro passo em relação ao estatuto actual. Um acordo mais calmo no sentido do reconhecimento do Estado Palestiniano. Uma oportunidade para se darem os primeiro passos sem que ninguém perca a face».
O assunto está ainda em aberto e decisões definitivas vão depender dos contactos em Nova Iorque, esta semana.
Fonte diplomática de um país europeu, membro do Conselho de Segurança, admitiu à Lusa que o bloco da União Europeia dentro do órgão (Reino Unido, França, Portugal e Alemanha) pode dividir-se numa votação, com alguns a penderem mais para o lado dos Estados Unidos, que vão usar o poder de veto para bloquear o reconhecimento.
A mesma fonte admite que a questão se arraste «por semanas, meses», até se chegar a uma votação no Conselho, de que sairia uma recomendação à Assembleia Geral para admissão da Palestina.
A «estrada secundária» para o reconhecimento, como afirma o representante diplomático palestiniano em Nova Iorque, seria pedir na Assembleia Geral a elevação do estatuto palestiniano, de «observador não membro» para «Estado não membro», bastando para isso uma maioria simples.
Dentro do Conselho, os palestinianos contam com o apoio firme do Líbano, que preside este mês aos trabalhos, da Rússia e da China, ambos membros permanentes, e também do Brasil e dos membros africanos.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho disse, em Paris, na semana passada, que a paz no Médio Oriente «terá que chegar por via negocial».
«Gostaria que fosse uma posição a uma só voz», disse Pedro Passos Coelho sobre a posição da União Europeia em relação ao anunciado pedido de reconhecimento de um Estado da Palestina pelo Conselho de Segurança da ONU, que o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, deverá apresentar na quarta-feira, dia 21.
A posição de Portugal vai, por isso, depender das negociações, no quadro das Nações Unidas. Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia portuguesa deseja uma posição «firme» do bloco europeu.
Paulo Portas disse na última reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, na Polónia, que «Portugal é tudo pela Palestina, nada contra Israel» e que tem acompanhado com interesse as iniciativas de Catherine Ashton.
A chefe da diplomacia europeia disse sábado que a União Europeia conhece o interesse dos palestinianos em juntar-se à ONU, mas que isso só será possível quando o processo de paz com Israel estiver resolvido.
«Nós continuamos a acreditar que uma solução construtiva que possa levar à retomada das negociações é o melhor e único meio de chegar à paz e à solução de dois Estados, que o povo palestiniano deseja», indicou a porta-voz de Catherine Ashton, Maja Kocijancic.
Uma fonte diplomática europeia ouvida pela Lusa nas Nações Unidas afirma que ainda decorrem contactos para «evitar que a questão se coloque» perante o Conselho de Segurança, mas que qualquer recuo da parte de Abbas seria nesta fase visto como sinal de «fraqueza».
Em Outubro do ano passado, os norte-americanos foram obrigados a usar o veto no Conselho de Segurança para bloquear uma resolução condenando a construção de colonatos israelitas em territórios palestinianos.
O resultado de 14 votos a favor e um contra foi considerado pelos palestinianos e pelos seus aliados dentro da ONU como um marco e veio também dar confiança para avançar com o pedido de reconhecimento do país.
Lusa/SOL