por norma, as histórias de suicídio e aquelas que apelam a actos bárbaros – há uns anos a polémica centrou-se num fotógrafo que captou o momento em que um homem era ‘incendiado’ com um pneu à cintura, discutindo-se então se não teria sido a sua presença, e a da sua câmara, a incentivar o acto hediondo – merecem alguma contenção. exemplo disso é a não divulgação do número de pessoas que se atiram da principal ponte portuguesa. os números são assustadores e acredita-se que ainda seriam bem piores se as televisões, o meio que espalha mais as boas e as más novas, fizesse grande alarido com o fenómeno. esta semana, vi, precisamente na televisão, uma reportagem sobre os novos casos de suicídio e de depressão que afectam cada vez a mais a sociedade portuguesa. os especialistas ouvidos falavam do preço da crise e de como as pessoas que perdem os seus empregos não conseguem conviver com isso. foi justamente nesse momento que pensei no que comecei por escrever nesta crónica. é praticamente impossível não ficar deprimido quando se assiste a um noticiário televisivo ou quando se pega num jornal. parece que não há futuro possível e só se ouve falar de um poço de problemas sem fim.
sei que não somos os alemães, que produzem mecanicamente, e que além disso são capazes de ir ‘sacar’ uns bons milhares de euros ao negócio da prostituição – não deixa de ser curioso que outros países, bélgica e irlanda, procurem seguir o mesmo caminho. se, como diriam os espanhóis, ‘que las hay, las hay’, então por que razão o fisco não há-de cobrar?
também não somos os holandeses, que além de produzirem milhões de tulipas ganham milhares de euros em impostos cobrados nos inúmeras coffee shops.
mas somos um país que dispõe de um território fantástico onde podemos facturar muito quando se conseguir colocar a sociedade civil a tratar deste canto à beira-mar. faz algum sentido, nesta altura, termos temperaturas a rondar os 30º e não existir um site que divulgue ao mundo imagens em tempo real, por exemplo, de praias, campos de golfe, rios e demais maravilhas portuguesas, captando turistas dessa forma? e por que razão não haveremos de incentivar os verdadeiramente ricos a gastar, muito, se possível, em território nacional? é preferível que os hotéis, os produtores de vinho e demais iguarias do campo, as lojas de roupa, de mobiliário ou automóveis vão à falência? quem não tem deve controlar-se e esperar que as coisas melhorem. quem pode, faça o favor de contribuir para o bem-estar e emprego dos outros.
vitor.rainho@sol.pt