A alegria contagiante das pessoas que se acomodam nas inúmeras esplanadas, consumindo as célebres tapas, atravessa várias gerações e tanto se encontram jovens imberbes como mulheres na casa dos 70 anos puxando de um cigarro entre cada pedaço de presunto, como por exemplo no Becerríta. A música de fundo fica em conta aos proprietários dos restaurantes e tascos, já que a mesma é feita pelos clientes.Isto é: a algazarra é tanta que não vale a pena gastar mais dinheiro em som. Claro que os turistas que queiram fazê-lo sempre podem aventurar-se nas casas de sevilhanas, onde nuestros hermanos batem com o tacão com muita força no soalho.
Mas o que também dá muita vida à cidade é, sem dúvida, a quantidade enorme de estrangeiros.Uma cidade onde fazem mais de 30º à noite é muito apelativa e há ruas onde se torna difícil ‘girar’ sem ouvir cinco ou seis idiomas. O maior perigo para aqueles que abusam no álcool são os ciclistas, pois a cidade transformou-se numa enorme Amesterdão, onde os amantes das bicicletas surgem de todos os lados, muitas vezes fumando cigarros ‘holandeses’.
Para mim, que não sou grande fã do Bairro Alto em hora de ponta, leia-se sextas e sábados, é fácil entender a razão por que alguns sevilhanos fogem dos locais mais turísticos e se refugiam nos seus portos de abrigo, mas para quem vai de vez em quando a Sevilha torna-se fascinante tamanha confusão.
Quando se regressa para o lado de cá, é quase inexplicável a mudança. As pessoas fecham-se em casa, as tapas são uma raridade e há como que um certo medo em demonstrar a felicidade. As gentes falam baixinho e só quando estão bem bebidas é que se soltam.
P.S. Não é segredo para ninguém que as nossas praias são incomensuravelmente superiores às dos espanhóis. Só que eles permitem que haja vida de sol a sol. Não faltam bares no areal e as pessoas podem beber tudo o que lhes apeteça. Não acredito é que tenham uma ASAE…