Corações bimbos

As modas lançadas pelos dj, regra geral, ’agarram’ um leque muito variado e extenso de adeptos. Confesso, no entanto, que, regra geral, fico com a sensação de que as mesmas se destinam a crianças ou a figuras menos destituídas de mundo.

Falo não das músicas que ‘elaboram’, mas sim das coreografias e indumentárias que espalham pelas pistas de dança de lés-a-lés. Há algumas que entendo e percebo a razão de tal sucesso: por exemplo, o primeiro que vi a usar gravata preta e fininha, numa altura em que quase todos exibiam grandes nós e cores berrantes, foi Dimitri From Paris. Hoje não há quem não as use. São um fenómeno de modernidade, embora me cheire que não devam viver muito mais tempo. Já chegaram a tantas tribos que o fim deve estar próximo, pelo menos para aqueles que não gostam de se comportar como as maiorias o fazem.

Mas vamos às bimbalhadas que fazem as delícias dos fãs.Percebo que um DJ precisa de seguidores e que são esses que, no Facebook e afins, espalham a sua fama. Talvez seja por essa razão que, em tempos, alguns usavam um laser que apontavam aos clientes que tinham à sua frente. Claro que tal comportamento era seguido depois por seguranças e demais artistas das pistas de dança. A outra que durou até há muito pouco tempo foi a de estender o polegar e o mindinho, encolhendo os outros dedos, numa encenação de alegria, mas que a mim me pareciam mais uns corninhos para os que estavam à sua frente na pista.

A mais recente, que é amplamente copiada por muitos desportistas, e em particular pelos jogadores da bola, foi lançada pelo DJ Fedde Le Grand, que ao som da sua música ‘So Much Love’ faz um coração com as mãos virando as mesmas para a assistência. Quem ainda não viu, por exemplo, Di Maria a festejar dessa forma os golos que marca? Nas discotecas, esse gesto passou a fazer parte da coreografia obrigatória. Acho uma bimbalhada assustadora e sempre que vejo amigos meus fazerem tais figuras opto por me retirar. Cada um deve fazer o que muito bem entende, mas não precisamos de assistir a espectáculos tão deprimentes. Sacanagem, é claro.

vitor.rainho@sol.pt