Georgios Papandreu

Na quarta-feira da semana passada voou para Berlim com o objectivo de «pedir sinais de apoio» dos parceiros europeus.

Levava na bagagem uma taxa imobiliária recém aprovada pelo parlamento grego. À chanceler Merkel, o primeiro-ministro Georgios Papandreu jurou que o seu país iria «cumprir os compromissos» e que o orçamento para 2012 seria equilibrado. Dois dias depois, o Bundestag aprovou com ampla maioria a ampliação do apoio alemão ao Fundo de Estabilidade do euro.

A charada teve mais um episódio no domingo: os números do défice com que Atenas se tinha comprometido com a troika para 2011 e 2012 saíram furados. Nada de novo: o país da democracia e da autonomia não voltou a cair no descrédito – porque aí está enterrado. Foi a mentir, diz-se, que os gregos conseguiram trocar o dracma pelo euro, foi a martelar números nos anos seguintes que se foi assobiando para o lado, enquanto os salários duplicavam, os impostos ficavam por cobrar e o Estado continuava na engorda.

Papandreu é um nome intimamente associado a este estado das coisas. O pai de Georgios, Andreas, foi responsável por transformar a Grécia numa Madeira em ponto grande, um Estado irresponsável e irreformável. Georgios tem nos seus ombros o peso de limpar o seu apelido. Significaria ir contra os interesses instalados e cortar a eito. Significaria deixarmos todos de falar de «tragédia grega». Mais consentâneo com a realidade, o argumento a que temos assistido é o de uma opereta. Esperemos que se desencante o obrigatório final feliz.

C. A.