PS tem de apertar o cinto

Passivo ronda os 2,5 milhões de euros. José Lello diz que o congresso que elegeu Seguro foi mais caro do que o de Sócrates

a direcção do ps prepara-se para cortar custos, depois de ter apurado um passivo que rondará os 2,5 milhões de euros. a actual direcção quer equilibrar as contas, para chegar às próximas eleições autárquicas numa situação financeira mais confortável.

josé lello, que foi nos últimos anos o responsável pelas finanças, nega porém que a anterior direcção tenha deixado o partido com problemas financeiros. o também deputado admite que o ps «terá que rever as suas acções e as suas prioridades», mas acrescenta que a situação financeira «está relativamente equilibrada».

menos votos, menos subvenção

«o que aconteceu foi que o partido perdeu um valor considerável na subvenção partidária, em duas eleições sucessivas [legislativas de 2009 e 2011]. e pelo meio teve quatro eleições, dois congressos e eleições nas federações», afirmou ao sol o deputado.

lello até fala num valor de quatro milhões, mas diz que este montante está perfeitamente coberto pela subvenção pública e pelos activos do partido e garante que o passivo real do ps não ultrapassa «os 500 mil euros». e deixa o desafio: «quem vier atrás que faça melhor».

quanto aos alegados custos astronómicos do congresso que, em abril de 2010, reelegeu josé sócrates pela última vez , lello desmente peremptoriamente: «é mentira». sem adiantar o custo dos dois encontros socialistas, contrapõe: «o congresso de braga [que elegeu antónio josé seguro como secretário-geral] foi mais caro que o de matosinhos em 77 mil euros».

finanças na agenda

a situação financeira do ps foi o primeiro ponto inscrito na agenda da comissão política do ps, que se realizou no final da passada semana. o tema acabaria por ser relegado para o final da reunião, com antónio galamba, agora responsável pelas contas, a fazer uma breve exposição. não precisou números, mas a mensagem foi clara: os socialistas têm de poupar. concelhias e federações já estão à espera de um corte nas verbas atribuídas pelo largo do rato.

ao que o sol apurou, o passivo dos socialistas rondará os 2,5 milhões de euros. o valor até está abaixo de anos anteriores: de acordo com as contas entregues no tribunal constitucional, em 2010 o ps apresentava um passivo de sete milhões de euros. e um ano antes o número era de 35 milhões. acontece que estes valores dependem em muito do montante das subvenções públicas que os partidos já receberam à data em que fecham as contas. e os socialistas receberão agora bem menos em termos de apoio estatal.

entre 2005 e 2009, o ps recebeu anualmente mais de sete milhões de euros. com menos votos nas legislativas de há dois anos e nova quebra em 2010, o valor caiu entretanto quase para metade.

susete.francisco@sol.pt