Quando surgiu apostou forte na programação musical e a discoteca propriamente dita era mais um clube de dança do que um local onde as pessoas iam para ver e ser vistas. A decoração sempre foi um dos pontos de honra da casa e ao longo da sua existência já sofreu muitas alterações, não havendo uma que se possa dizer que funcionasse mal. Bem pelo contrário. Outro aspecto curioso sempre foi a clientela, já que continua a conseguir misturar a rapaziada mais prá frentex com os betos mais betos e com a turma de Chelas. A selecção, de certa forma, é feita no interior, atendendo a que aqueles que não se sentem bem acabam por se retirar.
De certa forma o Lux é um espelho da nossa sociedade. Há músicas que ali passam que se tocassem noutro espaço qualquer os clientes protestariam. Ali as pessoas gostam do espírito da casa e a atmosfera, no primeiro piso, é mais importante do que ditam os DJ. Por outro lado, um trunfo muito importante é a enorme percentagem de clientes estrangeiros que dão ao espaço um ar cosmopolita como não há outro em Portugal.
O serviço sempre foi dos melhores, embora nos últimos tempos seja notório que há poucos empregados para tanta afluência de público ao sábado. A esse propósito penso que foi no Lux que se começou a criar o hábito de as pessoas esperarem a sua vez de entrarem ordeiramente, nas enormes filas. Hoje são já várias onde tal acontece. Longe vão os tempos de Alcântara-Mar, Kremlin ou Kapital, onde um mar de gente se acotovelava para chegar ao porteiro. Em qualquer fim-de-semana, à porta do Urban Beach ou do BBC, as pessoas já seguem também a filosofia de esperar na fila.
Por fim, dois comentários sobre duas personagens que marcaram a casa ao longo destes 13 anos. Manuel Reis, o rosto e mentor do projecto, que sempre se manteve fiel aos seus princípios e que continua a marcar presença regular na casa. Deve saber tudo o que se passa. A outra personagem é Rui Vargas, o director musical e, que se mantém como um dos melhores DJ dentro do house forte e dançável. Parabéns.
vitor.rainho@sol.pt
