Dançar à chuva

As altas temperaturas estão a complicar a vida às discotecas de inverno.

Se, noutros tempos, a rentrée acontecia em meados de Setembro, este ano a nova temporada aconteceu quase um mês depois. Sinais dos tempos, as discotecas vão-se habituando às novas regras do mercado. O problema está em que muitos dos espaços fechados não estão preparados para temperaturas tão elevadas e alguns tornam-se um autêntico forno. Ainda há dias estive numa festa onde vários dos presentes optaram por ir ao carro trocar de roupa, qual jogador de futebol. E a verdade é que, por vezes, essa é melhor forma de suportar temperaturas mais consentâneas com saunas.

A esse propósito comentava com um amigo que as pessoas preferem estar em locais onde quase não se respire, mas onde haja muita gente, a ir a locais onde há espaço e se pode conversar tranquilamente. É claro que levei como resposta que se as pessoas querem locais para conversar e onde não há vizinhos que incomodem o melhor será ficar em casa. Lá respondi que nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É natural que não exista muito a cultura de exigência. As pessoas, regra geral, querem é confusão. É aí que se disfarçam melhor e onde podem fazer mais disparates sem serem descobertos.

Voltando às altas temperaturas, na noite de aniversário do Lux, a festa deu-se tanto no interior da discoteca como no passeio que vai dar à Bica do Sapato e demais casas da redondeza. Nunca fui bom em números, mas terão estado lá mais de três mil pessoas. Enquanto me interrogava, no caso de ter chovido, o que seria daquela gente toda no interior da discoteca, alguém me elucidou que estavam mais de três mil chapéus de chuva nos armazéns para serem usados.

Não me recordo de alguma vez ter assistido a uma festa em que os chapéus de chuva fizessem parte da indumentária.Mas é de reconhecer que é uma ideia brilhante. Quem é que não se recordaria para sempre que tinha ido a uma festa de aniversário onde o chapéu de chuva tinha tido um papel tão importante? As ideias marcam toda a diferença.