Nas Bocas do Mundo – François Hollande

Nicolas Sarkozy, garante oEl País, ufana-se em contar em círculos privados uma frase assassina atribuída a Ségolène Royal sobre o seu ex-marido: a de que em 30 anos não deu conta de nenhuma contribuição séria de François Hollande.

«Se a mãe dos seus quatro filhos diz isto…», completa o Presidente. Nada de muito surpreendente. Não é à toa que o candidato socialista às eleições presidenciais de 2012 é apodado de Flanby, nome de pudim flã industrial. Ou que, durante a campanha das primárias, Martine Aubry, tenha insinuado que Hollande é o «candidato da esquerda mole»: estados gelatinosos à parte, é consensual que o líder do Partido Socialista francês entre 1997 e 2008 é um homem sem carisma nem chama.

O currículo também não impressiona. É um típico homem do aparelho, deputado entre 1988 e 1993 e de 1997 até hoje, e presidente de Câmara da vila de Tulle. Um «candidato normal», como o próprio se define e cujo sentido de humor é apontado pelos próximos como o ponto mais forte. Interrogado sobre os seus alegados defeitos, falta de autoridade, pragmatismo e prudência, diz serem antes qualidades. «O que me define é a constância», garante. Durante a campanha das primárias repetiu duas ideias: a de que seria o unificador da esquerda contra Sarkozy; e falando já para o país, prometeu investir na Educação e na criação de 300 mil postos de trabalho para os jovens. O seu discurso – sereno e centrista – contrasta quer com o de Aubry, quer com o de Sarkozy. Resta saber se será o homem aglutinador do descontentamento, ou se os franceses preferirão, como em 2002, votar à extrema-direita, desta vez na filha de Le Pen.

C. A.