quatro dias antes destas operações, a câmara de lisboa aprovara a construção de habitação e comércio no terreno do antigo hospital quando este ainda era propriedade da estamo. este facto poderia explicar a diferença de valores, mas, mesmo assim, o preço pago pelos espanhóis levantou dúvidas à inspecção-geral de finanças (igf). segundo este organismo, que investigou o caso em junho de 2010, o valor de 21 milhões de euros «ultrapassou largamente, em cerca de 48%, o valor máximo de mercado disponível para a zona» naquele momento – lê-se no relatório da igf a que o sol teve acesso.
corrupção e fraude fiscal, entre outros
o actual presidente da estamo, francisco cal, nega peremptoriamente a possibilidade de ter havido pagamento de ‘luvas’, mas o valor sobre-avaliado pago pela reyal urbis levantou suspeitas, tendo a direcção-geral de contribuições e impostos (dgci) enviado toda a documentação para o departamento de investigação e acção (diap) de lisboa.
no departamento liderado por maria josé morgado estão agora a ser investigadas suspeitas de corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais e peculato.
ao que o sol apurou, ondas fernandes, administrador da estamo responsável pelas vendas de imóveis, foi constituído arguido. ondas fernandes confirma que foi a polícia judiciária quem o constituiu arguido aquando da realização de buscas, mas acrescenta: «não tendo sido validada a minha constituição de arguido pelo ministério público (mp) nos dez dias subsequentes, considero que, neste momento, já não estou nessa condição», afirmou. contudo, o facto de o mpainda não ter ouvido ondas fernandes não significa que ele não seja arguido.
o administrador da estamo considera ainda o inquérito do diap como «normal», mas enfatiza que a igf não detectou nenhuma ilegalidade e que até elogiou a estamo.