Sons de uma Lisboa mestiça [vídeo

Não gostam de intelectualizar a música que fazem. Por isso mesmo, não são nada generosos a desenvolver ideias sobre de onde ela surge e o que significa. Como tantos outros artistas, Tó Trips e Pedro Gonçalves, os mentores do aplaudido projecto instrumental português Dead Combo, preferem deixar a intuição comandar o processo criativo na hora…

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«há sempre uma preocupação para não nos repetirmos._como somos só dois é muito fácil cair nos mesmos truques e vícios, mas pela primeira vez pensámos num tema logo de início que foi a música africana», explica pedro gonçalves, sublinhando que o título, lisboa mulata, resulta dessa vontade de afirmar precisamente para onde vai agora a música dos dead combo (além de mulata ser o modelo da guitarra, que pertencia à mãe de pedro, com que gravaram o disco).

a multiculturalidade de lisboa, cada vez mais evidente, também ajudou. mesmo que depois dos dois temas iniciais, contagiantemente frenéticos, o trabalho se vá tornando cada vez mais calmo e introspectivo. «quisemos passar essa energia africana logo no início, mas depois não pensámos no alinhamento de forma conceptual, mas sim na sucessão que fazia sentido», afirma tó trips.

como nos outros trabalhos, há cúmplices habituais. o fadista camané, o letrista sérgio godinho, o baterista de jazz alexandre frazão e o norte-americano marc ribot. «às vezes parecemos um autêntico casal e acabamos sempre por ganhar com as intromissões de terceiros», considera tó trips.

desde o início do mês, os dead combo andam na estrada a apresentar lisboa mulata e passaram, inclusive, pelo leste da europa, com concertos em praga e em budapeste. o concerto de apresentação em lisboa fica adiado para 2012, mas no próximo dia 10 de novembro a dupla participa no espectáculo ‘força à causa’, no são jorge, com jorge palma, pedro abrunhosa e the legendary tiger man.

alexanda.ho@sol.pt