Um bairro chamado Portugal

O prédio, além de albergar inquilinos, funciona como sede de uma empresa privada que ocupa uma vasta área.

à volta há um hotel e alguns prédios de escritórios, e também a sede de um partido. o trânsito local assemelha-se a todos os bairros residenciais onde ainda não se paga para estacionar. sendo assim, são muitos os que trabalham nas redondezas e procuram chegar cedo para arranjar um lugar gratuito. o hotel em questão recebe muitos grupos e equipas de futebol que se fazem transportar em camionetas. o problema é que, muitas vezes, esses autocarros ficam impossibilitados de chegar ou partir do hotel, pois os carros mal estacionados não o permitem.

chegam a passar-se horas até que possam seguir viagem. não sei com que impressão ficam os turistas que nos visitam, mas não será agradável, seguramente. a empresa que se instalou no referido prédio, como tem garagem nas traseiras, foi obrigada a contratar um polícia de trânsito para que os seus carros entrem e saiam.

ao fundo da referida rua, há carros estacionados nas curvas mais apertadas – e quem faz o percurso é obrigado a andar em sentido contrário, o que provoca, inevitavelmente, situações bastante perigosas. nem se percebe muito bem como não há mais acidentes. entretanto, a empresa privada, com o agravar da crise, foi obrigada a prescindir do referido agente gratificado. como é fácil de calcular, a rua que dá acesso à garagem passou a ficar praticamente intransitável.

o bairro do rego é o espelho da sociedade e, para reforçar a autenticidade da mesma, os carros que ficam estacionados à noite na rua são vandalizados com frequência. é espantoso como se desperdiçam horas de trabalho inutilmente.

não muito longe, já no coração da cidade, no chiado, mais concretamente, existe uma brigada de polícias municipais cuja única actividade é bloquear carros de pessoas que estacionam em zonas proibidas, sem se aperceberem que o estão a fazer no lugar de residentes. saem dos carros, dirigem-se às ‘máquinas-armadilhas’ e pagam o tempo de serem multados, já que mal viram a esquina aparece um dos zelosos agentes.

ao mesmo tempo, um pouco por toda a cidade, há carros estacionados em segunda fila que provocam congestionamentos brutais no trânsito, impossibilitando as pessoas de chegarem ao trabalho ou de resolver os seus problemas. quando se discute tanto mais meia hora de trabalho, seria interessante que alguém conseguisse resolver esse eterno problema do estacionamento nas grandes cidades. as finanças do país agradecem.

vitor.rainho@sol.pt