as primeiras perturbações em massa começam já hoje. metro de lisboa, carris, stcp, transtejo / soflusa, refer, cp, cp carga e emef irão sofrer paralisações parciais ou totais durante o dia. «há uma grande indignação e revolta nos trabalhadores do sector. temos, por isso, a percepção de uma adesão muito elevada», diz ao sol amável alves, coordenador para o sector dos transportes da cgtp, que explica a necessidade de um protesto adicional à greve geral. «as empresas de transportes estão a ser atingidas por três pacotes: o geral, o que se aplica à administração pública e ainda o plano estratégico dos transportes, que prevê, por exemplo, despedimentos».
o sector dos transportes tem sido dos mais visados durante a crise financeira. o governo, no âmbito do acordo com a troika, pretende reduzir o efectivo das empresas e cortar nos serviços prestados, para travar o aumento da dívida de 16,9 mil milhões de euros das empresas do sector.
«a paralisação terá um impacto forte. antes da greve distribuiremos comunicados pela população de todo o país a expor os nossos motivos», refere amável alves. a greve geral não sai do horizonte. «continuamos a mobilização para dia 24 de novembro», observa.
depois do sector dos transportes, segue-se a função pública. no dia 12 de novembro, todos os sindicatos que representam trabalhadores do estado vão organizar um manifestação em lisboa, pelo que está garantida a presença de milhares de pessoas nas avenidas da cidade. o motivo são as medidas anunciadas com o oe2012: corte salarial e novas regras no regime de mobilidade entre serviços da administração pública.
o facto do ste, afecto à ugt, aderir a um protesto em conjunto com a frente comum, da cgtp, mostra por si só o descontentamento instalado nos trabalhadores do estado. e bettencourt picanço, dirigente histórico do ste – que pertence ao conselho nacional do psd – não esconde a insatisfação com algumas das medidas de austeridade tomadas pelo governo: «tudo está a penalizar os trabalhadores e os aposentados, que foram escolhidos como o alvo das medidas de redução do défice orçamental», diz ao sol.
o dirigente admite que há «indícios» de que as medidas de austeridade não ficam por aqui, nomeadamente membros do governo a admitir que a suspensão dos subsídios de férias e de natal pode não ser tão temporária como isso, ou que a hipótese de despedimentos pode avançar se a mobilidade especial não funcionar. quando questionado sobre se a administração pública vai intensificar a contestação, o tom é de aviso: «está tudo em aberto. os trabalhadores não deixarão de tomar as posições que considerem adequadas ao que for apresentado».
«estamos a mobilizar», diz carvalho da silva
os protestos dos transportes e da função pública serão a antecâmara do grande protesto agendado para o dia 24, admitiu na semana passada o secretário-geral da cgtp, em conferência de imprensa. questionado pelo sol sobre a preparação da greve geral, carvalho da silva não se alongou, numa conferência de imprensa. «estamos a trabalhar o melhor possível na mobilização», referiu.
nesta fase, a menos de um mês da greve geral, o principal trabalho dos sindicalistas são os plenários desconcentrados nos locais de trabalho, em que a adesão à greve é votada. nas empresas públicas, que vão ser alvo de reestruturações profundas e despedimentos e onde há casos de adesão em massa no passado, como nos transportes, é previsível que haja uma mobilização acentuada. os trabalhadores da rtp já decidiram, em plenário, que vão aderir à greve. um dos motivos invocados é a privatização de um dos canais da estação e os 300 despedimentos previstos.