Nas Bocas do Mundo – Hugo Chávez

Hugo gosta de Carlos, que por sua vez gosta de Osama. Não, não se trata de um triângulo amoroso de um duvidoso romance, mas de um bem real triângulo de ódio. E odioso.

Nesta semana, o pára-quedista que quer perpetuar-se no poder na Venezuela voltou a chocar o mundo, ao mostrar apoio e solidariedade a um terrorista. Poder-se ia dar o benefício da dúvida. Chávez é um homem doente, acossado pelo cancro, e com um repentino fervor religioso. Só que já não é a primeira vez que o Presidente da Venezuela declara admiração pelo compatriota Ilich Ramírez Sánchez, conhecido no mundo inteiro por Carlos, o Chacal. Há dois anos, num encontro de partidos de esquerda em Caracas, Chávez classificou Carlos de «herói revolucionário» e cantou-lhe embaraçantes loas: «Acusam-no de ter sido um terrorista. Mas ele foi na realidade um grande combatente da Frente Popular de Libertação da Palestina». Agora voltou à carga nos mesmos termos: Chacal é tão-só um «combatente revolucionário».

Mas reza a história que Ilich foi um mercenário – um falso revolucionário, como acusou um dos juízes franceses que o está a julgar por atentados que mataram 11 pessoas e feriram dezenas no princípio dos anos 80. E o próprio, na véspera do início do julgamento, concedeu uma entrevista ao El Nacional venezuelano, no qual se gaba de ter matado de 1500 a 2000 pessoas em nome de uma vaga revolução. O mesmo homem que, derrubado o bloco soviético, aderiu ao extremismo islâmico e apoiou Osama bin Laden. É esclarecedor saber que esta mente doentia tem o apoio declarado de Chávez. Que tem em comum com Chacal o facto de, em nome do socialismo, praticar malfeitorias e encher os bolsos.