a mulher torce o nariz, a filha também não acha piada e ele próprio vive em conflito com o espelho. tudo por causa de um recém-nascido bigode, ainda na fase de desenvolvimento mas já condenado à morte. confuso?
marcos monteiro, o homem por trás da mal-amada imagem, explica: chegamos a movember, o mês em que mesmo a contragosto de preferências estéticas, os bigodes nascem e crescem para financiar campanhas de saúde.
«só no reino unido conseguiu-se uma recolha de fundos no valor de 11 milhões de libras [cerca de 12 milhões de euros]», ilustra marcos, com o balanço das contas de 2010 situado no país que o inspirou a pôr de parte a máquina de barbear e a convencer mais portugueses a fazer o mesmo.
«comecei por pedir indicações a alguns colegas de londres», conta o advogado, rendido à iniciativa desde o primeiro contacto. «qualquer pessoa que se depare com mais bigodes do que é normal acaba por se questionar», nota marcos, desconstruindo o processo que o aproximou ao movember, termo que funde as palavras inglesas moustache (bigode) e november (novembro).
o movimento, que chegou este ano a portugal – embora ainda não oficialmente –, nasceu em 2003 na austrália e hoje junta mais de um milhão de seguidores em todo o mundo. sempre com a mesma vocação: alertar a população masculina para a importância das consultas médicas de rotina na prevenção de diagnósticos fatais, como o cancro da próstata.
«não é de um ‘homem a sério’ ir ao médico com regularidade», reconhece a acção de sensibilização portuguesa, mais uma vez projectada pela voz de marcos monteiro. «o movember pretende mudar esta atitude, aproveitando uma medida que se apropria da cara da maior parte de nós».
mas de que forma podem os bigodes reverter para instituições de saúde, sobretudo aquelas que lutam contra o cancro?
apesar de prematuro, o exemplo português já ajuda a dar uma resposta: à boleia da página do movember portugal no facebook, a marca de cafés tecon desafia os consumidores a publicarem fotos dos seus bigodes, comprometendo-se a doar 50 cêntimos por cada imagem. «este é um exemplo do que cada um pode fazer», nota marcos, certo de que o futuro do movimento no país passa por uma parceria com a liga portugesa contra o cancro. para já, fica-se pela cara de dezenas de portugueses: os chamados mobrothers.