Sabendo-se que grande parte da fauna que deambulava pelo Bairro se socorria dessas catedrais para se abastecer de garrafas de litro de cerveja e demais produtos etílicos, não deixa de ser uma boa notícia para os empresários do ramo de animação nocturna.
Só que, e este que é importante, não acredito que quem estava habituado a não gastar dinheiro nos bares vá passar a fazê-lo. Em primeiro lugar, porque muitos dos clientes dessas lojas não têm dinheiro e vão ter de encontrar outras formas de abastecimento. Ou vão já fornecidos de casa ou vão andar nas redondezas em busca da cerveja e restante álcool perdido. Que é como quem diz, das litradas.
Para quem não conhece o fenómeno, diga-se que o Largo Camões se transformava aos fins-de-semana num território espanhol, tal a quantidade de rapaziada adepta do botellon. Como a necessidade aguça o engenho, estou em crer que vai aparecer um novo tipo de comerciante: os vendedores ambulantes de cerveja e demais bebidas. Munidos de uma sacola, à semelhança do que se passa nas praias, os novos vendedores não terão mãos a medir. E será vê-los a pregarem «Olha a cervejinha fresquinha, de litro!».
Claro está que os comerciantes tradicionais também sabem que o seu principal inimigo é a crise. Hoje é impressionante o que se passa nos restaurantes durante a semana. A maioria está praticamente vazia. O mesmo se passa com os bares. Pouco dinheiro, frio e chuva são adversários de peso.Resta agora ter imaginação para captar os poucos clientes mais ou menos endinheirados.
P.S. Na semana passada voltei a Maputo, depois de lá ter estado uns dias antes, e quando saí numa quinta-feira a cidade pareceu-me deserta, ao contrário do fim-de-semana. A globalização tem destas coisas. A crise toca a todos e não me estou a referir àqueles que nada tinham…