O positivo é que por onde passa não suja». Quem é afinal, o homem que vai governar Espanha com maioria absoluta? Quem se esconde por trás dos óculos e da barba (um caso de estudo para os gurus da mercadologia)?
Já se sabia que não é pessoa para desistir. Perdeu eleições duas vezes para Zapatero e manteve-se na liderança doPartido Popular. Na última derrota, em 2008, surpreendeu com um discurso que soava a despedida da política. Desapareceu por uns dias e quando regressou fê-lo como se nada tivesse acontecido. Esse momento desconcertante teve o condão de, numa só jogada, pôr a descoberto os seus adversários mais à direita (à cabeça a presidente da região de Madrid, Esperanza Aguirre) e de afirmar-se como líder de facto. Sem concorrentes, foi reeleito presidente do PP e rejuvenesceu o partido com os seus próximos. Na hora do discurso da vitória, ao seu lado, além da mulher Elvira, lá estavam as indefectíveis Soraya Sáenz de Santamaría, Ana Mato e Maria Dolores de Cospedal. É de esperar que façam parte do Governo, mas do galego diz-se que nem os colaboradores sabem quais as suas intenções. Considerado reservado e enigmático (mas adepto do diálogo e do consenso), transportou para a campanha eleitoral a ambiguidade da sua estratégia política ao refugiar-se em expressões como «bom senso» ou «fazer como Deus manda» perante questões ‘fracturantes’. Ainda assim, comprometeu-se em não aumentar impostos nem em cortar nas pensões.
Na forma, é o oposto do antecessor e patrono, José María Aznar. Veremos se o será na substância.