Capitão Fausto apresentam Gazela no metro dos Restauradores [vídeo

Quando os conhecemos sentimos imediatamente simpatia por estes rapazes. Domingos, o baixista, cumprimenta-nos com um sorriso escancarado. Manel, guitarrista, acelera-se, bem-disposto, nas apresentações, enquanto Tomás, vocalista, e Salvador, baterista, refugiam-se numa timidez inocente e engraçada (falta Francisco, o teclista, que foi visitar a namorada a Itália, com a desculpa de ir ver os Fleet Foxes).…

em disco (o de estreia, intitulado gazela), percebe-se a jovialidade dos capitão fausto, mas presencialmente a constatação do quão imberbes eles são (têm entre 19 e 22 anos) é uma grande surpresa. os capitão fausto lembram os beatles no início de carreira, quando eles eram mesmo muito novinhos, e transmitiam aquele entusiasmo radiante de quem está a concretizar uma paixão (a memória ainda é mais avivada pelo recente visionamento do documentário living in the material world, sobre george harrisson).

com as devidas distâncias, as canções dos capitão fausto também têm pontos de contacto com as do quarteto britânico. há coros em quase todas as músicas e refrões que, na melhor genética da pop, apelam à euforia. questionados sobre como definem a sua música, eles preferem deixar a resposta para os ouvintes. mas há uma característica que pode ser a resposta certeira: a forma como comunicam entre eles.

em conversa com o sol, são várias as vezes que respondem em coro, ou que pegam na frase deixada pelo colega para, sem tempo para respirar, lançarem outra ideia. esta comunhão transmite o «grande entendimento», como diz tomás wallenstein, que os cinco músicos têm.

amigos de infância, domingos, manel e francisco resolveram aprender a tocar baixo e guitarra quando andavam no sétimo ano. «já tocávamos umas coisas juntos, mas era tudo horrível», conta domingos, recordando a razão porque foram ter aulas.

ao mesmo tempo, salvador começou a aprender a tocar bateria e foi convidado para se juntar aos restantes na reprodução inexperiente de vários covers em inglês. mas a decisão de se assumirem como banda, e começarem a compor os seus próprios temas, em português, só aconteceu há dois anos com a entrada de tomás para vocalista.

enquanto as músicas próprias não nasciam, os capitão fausto _– nome roubado a um nadador salvador brasileiro que ajudou salvador numa piscina municipal de gondomar – continuaram com os covers, e começaram, através do boca a boca, a serem contratados para actuar em festas. a ‘brincadeira’ levou-os até ibiza, onde, no meio da intensa batida electrónica típica na ilha espanhola no verão, passearam as suas guitarras, durante uma semana, por vários bares, hóteis e restaurantes. «o dinheiro que recebemos nessa semana está todo ali», diz manel, apontando para a cave no fundo da garagem da casa de domingos, transformada em estúdio. «fomos nós que fizemos aquilo tudo. só nos falta resolver uma pequena infiltração», acrescenta orgulhoso domingos.

foi nesta cave que nasceram todas as canções de gazela, mas não há aqui qualquer vestígio de mofo. bem pelo contrário. as canções dos capitão fausto reproduzem imagens do quotidiano vistas por cinco rapazes que encaram a música com uma energia contagiante e eficaz. é este espírito que vai marcar, certamente, o concerto de hoje no vodafone mexefest, na estação de metro dos restauradores, a primeira apresentação num palco com a visibilidade e o mediatismo que os capitão fausto bem merecem.

alexandra.ho@sol.pt

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