Até por uma razão muito simples: não gosto de determinados sons que me ferem os tímpanos. Não é de hoje, sempre fui assim. Por essa razão detestei diversos tipos de músicas mais ‘metaleiras’. Voltando ao espectáculo inolvidável, entramos na discoteca e damos com uma multidão em êxtase total, que ora saltava e pulava de encontro ao MC de serviço, ora recuava, mas saltando sempre. Um comportamento típico de público de concerto. Durante a quase uma hora que lá fiquei, percebi, facilmente, que as pessoas por aquelas bandas estavam verdadeiramente felizes. Pouco ou nada interessa o espaço. O que é determinante para o sucesso da noite é o conceito e os organizadores. Digamos que são uma espécie de novas raves, mas feitas em discotecas a horas ditas decentes. Claro que um amigo começou a dissertar sobre este novo fenómeno: «Não percebes que isto tem a ver com a crise? Não vês que a maioria está com MDM e por isso é que está tão agitada?». Retorqui, perguntando a razão da associação à crise. «Não percebes? É claro que é a droga mais barata, logo a rapaziada agora anda outra vez a dar forte nos ecstasys e afins».
Com tão douta explicação e depois de rirmos um pouco, avançámos para um bar onde o house cantado costuma ditar leis. Qual não foi a nossa surpresa quando chegámos e a casa estava completamente cheia de raparigas e rapazes a pularem ao som de algo que me fez lembrar a discoteca de onde tínhamos saído pouco tempo antes. É certo que não havia MC de serviço, nem tão pouco as pessoas davam saltos possantes.
Perante tal cenário, começámos a divagar sobre o destino da nossa música preferida: o house melodioso. Em defesa da minha dama, argumentei que nos últimos anos já apareceram muitos géneros musicais que tiveram uma vida tão curta como uma estrela cadente e que, por essa razão, não é de estranhar que as novas gerações prefiram batidas muito mais agressivas. Mas, no actual momento, quem quer ter casa cheia dificilmente pode apostar no house. «Olha que não», dizia-me o meu amigo. Talvez tenha razão.
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