A juntar a tudo isso, há a parte mais importante: é nesta época que as pessoas mais pensam nos que partiram, nos que estão mal, naqueles que foram ficando pelo caminho e seguiram outras vidas, além das famílias desfeitas por divórcios e zangas de partilhas e de feitios. Para agravar ainda mais o cenário, há a crise que ninguém sabe quando nem como acabará.
Mas não é disso que quero falar. Desgraças já chegam as que não conseguimos ultrapassar. A noite de Natal, a de 25 para 26, sempre foi muito especial em algumas discotecas. Tanto no Porto como em Lisboa. Há uns longos anos, porém, havia a noite de todos os ‘sem família’ e amigos que se reuniam, a partir das duas da manhã do dia 25, na discoteca Kremlin. Os presentes pareciam uma família enorme no que ao sorriso dizia respeito. As pessoas cumprimentavam-se sem se conhecerem e existia uma cumplicidade natalícia.
Este ano, o grupo K, que festejou 23 anos de existência, irá abrir na noite de 24 para 25, mas desta vez junto ao rio, no espaço Urban Beach. Não sei se com os resultados de então, mas que muitos vão aparecer depois do bacalhau e dos doces não tenho grandes dúvidas.
Certo é que mesmo no dia de Natal as discotecas que tinham sucesso não chegavam à meia dúzia. Com o tempo, tudo se alterou e hoje são poucos os espaços que não abrem portas na noite de 25. Será sinónimo de menos apego às festas familiares? Não me parece. O que se passa é que as pessoas precisam de ir digerir um pouco do que tanto consumiram nesta quadra. Alguns também irão mostrar as novas farpelas, outros aparecerão num estado pouco aconselhável, já que não deve existir época tão amiga da bebida como esta. Todos quererão ir rir como se o Pai Natal fosse seu amigo.
P.S. Foi bem notório que as festas de Natal das empresas estiveram bem mais fraquinhas… Mas mesmo assim ainda vi algumas figuras saírem directamente para a ambulância. Haja alegria.
vitor.rainho@sol.pt