Mulheres lusófonas pedem clemência para cristã paquistanesa

Assunção Esteves, Graça Machel e ex-primeiras-damas entre as signatárias de carta ao Presidente do Paquistão. Asia Bibi arrisca pena de morte por blasfémia.

três centenas de mulheres portuguesas e de vários países lusófonos e de diferentes credos – cristão, judeu e islâmico – foram nos últimos dias contactadas pela antiga primeira-dama manuela ramalho eanes para juntar o seu nome a uma petição a ser enviada ao presidente do paquistão asif ali zardari, num apelo à libertação de asia bibi. detida em 2009, a agricultora cristã de 40 anos foi em 2010 condenada à morte por ter bebido água de um poço reservado a muçulmanos e por ter supostamente insultado o profeta maomé.

a sentença foi proferida à luz da polémica lei anti-blasfémia actualmente em vigor no paquistão. há precisamente um ano, o então governador da populosa província do punjab, salmaan taseer, foi assassinado por ter tomado publicamente uma posição contra aquela lei e pela libertação de bibi.

a iniciativa lusófona, que contou com o apoio da embaixadora paquistanesa em lisboa humaira hasan, encontra-se neste momento na fase de recolha de assinaturas. entre os nomes já confirmados contam-se os de maria eugénia neto, mulher do primeiro presidente angolano agostinho neto, de adélcia pires, mulher do ex-presidente cabo-verdiano pedro pires, da presidente da assembleia da república assunção esteves, da ex-ministra socialista maria de belém roseira e ainda de graça machel, helena roseta, cândida almeida, francisca van dunen, pilar del río, esther mucznik e rosária vakil. foram ainda endereçadas missivas a todas as deputadas portuguesas.

o processo decorre com «urgência» perante o súbito agravamento do estado de saúde de bibi, confinada a uma cela solitária durante 23h30 por dia e alimentada com produtos crus devido aos receios de envenenamento. pesam sob a cabeça da cristã múltiplas ameaças de morte de grupos extremistas e a paquistanesa foi recentemente alvo de uma tentativa de estrangulamento por parte de uma guarda prisional.

vários líderes mundiais, incluindo o papa bento xvi, têm apelado à resolução do caso de bibi, havendo sinais de que o presidente zardari poderá conceder uma amnistia à agricultora.

pedro.guerreiro@sol.pt