Apesar da crise, o comum dos mortais não gosta de deixar de enviar os seus sms aos familiares e amigos. Mas se na noite da Consoada poucos são aqueles que se atiram que nem uns loucos aos telefones quando tocam as dozes badaladas, já o mesmo não se pode dizer da última noite do ano. É impressionante como as pessoas, mesmo pais e filhos, se agarram desesperadamente ao telefone para tentar ligar ou mandar uma primeira mensagem do ano – ou ficam à espera que ela chegue. O mais curioso é que se esquecem praticamente dos restantes presentes.
Vem esta conversa a propósito de uma chamada que recebi já os ponteiros do relógio se aproximavam da uma da manhã: «Bom ano, espero que tenhas tido oportunidade de brindar tranquilamente com as pessoas com quem estás, já que por estas bandas desatou tudo a telefonar e esqueceram-se praticamente de saudar o novo ano! Não achas inacreditável?», interrogava-se um amigo. Confesso que nunca fui muito dado a passagens de ano e não sou daqueles que gosto de enviar mensagens a torto e a direito nesse dia. Como não dou particular importância a tal data, é para mim um dia que deve ser vivido longe das grandes confusões. Claro que todos sentimos prazer em receber sms das pessoas que gostamos, mas daí a ser uma obsessão vai uma grande distância. Talvez a mesma que falta àqueles que optam por sair nessa noite com o intuito de chatear todos os que estão à sua volta.
A passagem de ano, regra geral, é a verdadeira noite dos amadores, que têm de beber o que não beberam durante o ano, que têm de dançar o que não conseguiram nas outras 364 noites e que sentem a pressão acrescida de se divertirem à força. Regra geral, repito, é isso. Mas é claro que há sempre excepções, havendo quem se divirta nessa noite como em todas as outras do ano. Como também há mensagens, nessa noite, que tocam tanto ou mais do que as dos restantes dias. É tudo uma questão de predisposição. Bom ano…
vitor.rainho@sol.pt
