mas os riscos cambiais e os custos deste tipo de operações de investimento fazem com que o euro continue a ser a principal aposta dos portugueses, segundo os bancos ouvidos pelo sol, que confirmam, porém, a nova tendência de maior diversificação das aplicações nacionais.
«notamos maior abertura dos clientes para considerarem as vantagens referentes à diversificação por moeda», diz fonte oficial da sucursal portuguesa do deutsche bank, salientando que «para 2012, a expectativa é de uma maior apetência para a diversificação».
a filial do barclays em portugal vai mais longe, quantificando esta tendência, com fonte oficial do banco inglês a dar nota de que «o volume de depósitos a prazo em moeda estrangeira cresceu cerca de 30% desde o final de junho». mas, apesar da maior predisposição recente dos portugueses para pouparem, «devido ao clima de incerteza quanto ao futuro», o barclays não antecipa um aumento global no volume de poupanças no país no ano que agora começou.
«as medidas de austeridade, como o aumento de impostos, a redução de rendimentos e benefícios, conjugadas com o aumento do desemprego, vão levar à diminuição do rendimento disponível dos portugueses», prevê a mesma fonte. já o ceo da dif broker, pedro lino, considera que «este movimento de diversificação de moedas irá manter-se, pelo menos no primeiro semestre de 2012», tendo em conta «a instabilidade criada na zona euro em torno das dívidas soberanas».
o santander totta diz que está preparado para responder a esta procura. a filial portuguesa do banco espanhol «tem à disposição dos seus clientes uma grande diversidade de aplicações noutras moedas», diz fonte oficial da instituição, realçando que «a política comercial nas várias moedas segue os mesmos princípios da oferta de produtos de passivo em euros, sendo a oferta de produtos preparada em função das necessidades que identificamos na base de clientes».
do lado da banca nacional, apenas a caixa geral de depósitos (cgd) respondeu, oficialmente, às questões do sol. «não temos notado tendências anormais para abertura de contas em moedas estrangeira. os depósitos em euros mantêm uma trajectória crescente», indica fonte oficial do banco do estado. contactados, bes, bcp e bpi não responderam, mas o sol sabe que também nos três maiores bancos privados portugueses se tem registado um maior interesse dos clientes por outras moedas para além do euro, bem como na generalidade das redes de retalho do sistema financeiro luso, ainda que todas garantam que não estão a promover, activamente, este tipo de investimentos.
«com a crise, as pessoas estão a pensar mais e melhor no que podem fazer para tornar o seu dinheiro mais rentável e seguro», admite um banqueiro, salientando que «estamos longe de registar uma corrida para fora do euro».
face ao actual contexto dos mercados financeiros, a banca em geral, segundo várias fontes ouvidas, vê com bons olhos a diversificação de mercados e activos, «alguns deles hoje com taxas de juro até mais interessantes do que o euro». mas fica o alerta: a exposição a outras moedas tem riscos, como o do país e o da desvalorização cambial. ou seja, quando um investidor voltar a converter para euros pode ter um montante menor, caso o euro se valorize face à moeda trocada.
vantagens
taxa de juro
investir em depósitos a prazo em moedas com taxas de juro mais elevadas do que as do euro permite melhores rentabilidades
adaptação
diversificação da carteira de poupanças por moeda permite uma melhor adequação dos investimentos às necessidades e apetência por risco de cada um
segurança
equilibra a carteira de quem queira estar simultaneamente exposto ao risco do activo (acções, obrigações) e ao câmbio da outra moeda face ao euro
riscos
câmbio
pode haver uma desvalorização da moeda em que foram feitas as poupanças
rentabilidade
além da taxa nominal, também a valorização ou desvalorização cambial pesa no retorno. uma mobilização antecipada das aplicações associadas às taxas de juro referenciadas poderá resultar numa rendibilidade negativa efectiva em euros
mercado
uma desvalorização do activo subjacente em que se investe noutra moeda (acções, obrigações) pode afectar a aplicação feita