até 26 de fevereiro, data da cerimónia dos óscares, uma série de galas ‘hollywoodescas’ medem as temperaturas para as estatuetas douradas da academia. na próxima noite de domingo é a vez de a 69.ª edição dos globos de ouro, a decorrer no beverly hilton hotel, em los angeles, pôr achas na fogueira, numa sessão de homenagens que será emitida na íntegra e em directo nos canais axn black e sony tv, a partir da 1h, hora do continente e da madeira. o segundo passará ainda uma versão editada de 90 minutos com legendas em português às 21h50 do domingo seguinte (22 de janeiro).
o apresentador maldito
em busca de credibilidade e frescura, a cerimónia apostou há dois anos em ricky gervais como apresentador. uma escolha imprevista mas mais que acertada, aplaudiu de imediato a imprensa internacional. para dissabores, vir-se-ia depois a verificar, dos agentes das estrelas visadas pelas piadas do actor britânico.
em 2010 a prestação de gervais até foi comedida, mas em 2011 a granada de humor impiedoso que representa em potência rebentou ainda mal a cerimónia tinha começado. chamou a bruce willis «papá de ashton kutcher», apontando o dedo à discrepância de idades entre os dois (agora) ex-maridos de demi moore. e parodiou a própria associação da imprensa estrangeira em hollywood (hfpa), responsável pelo certame e que elege os galardoados, por uma suposta estratégia para garantir a presença do par angelina jolie e brad pitt.
tudo apontava para que, depois da proeza, o anfitrião de gargalhada estridente ficasse no banco de suplentes no ano seguinte – o período de tempo que esteve sem aparecer a meio da última gala levou a crer numa repreensão intransigente por parte da hfpa. philip berk, presidente da organização, disse que gervais tinha dito coisas «completamente inaceitáveis», mas reconheceu que quando se contrata ricky gervais «temos de esperar o inesperado».
a projecção mediática foi tal que a escolha da maioria dos 85 jornalistas que compõem a hfpa voltou a recair, pelo terceiro ano consecutivo, no criador das séries the office e extras. proposta de risco tornada fórmula, a prestação de gervais «será bíblica» segundo as suas promessas no twitter. na mesma rede da internet, comentou acerca do apresentador dos óscares: «acabei de dizer ao billy crystal que é bom que ele não use as minhas piadas sobre holocausto ou pedofilia nos óscares. ele concordou (a sério)».
competição ferrenha
irremediavelmente ligados à fabricação do cinema americano para as massas, os globos de ouro têm apresentado ligeiras surpresas quanto ao seu conservadorismo. o grande favorito deste ano, o artista, com seis nomeações, entre elas as de melhor filme – comédia ou musical e de melhor actor (jean dujardin) tem na língua estrangeira (é um filme francês) a principal ousadia. mas a película de michel hazanavicius (estreia em portugal a 2 de fevereiro) não deixa de ser uma festa no ego do cinema americano, uma vez que trata da transição do cinema mudo para o sonoro na hollywood do final dos anos 20.
as serviçais, de tate taylor, tem cinco nomeações, donde se destacam o protagonismo da actriz viola davis – que disputa o prémio com meryl streep (a dama de ferro) e tilda swinton (temos de falar sobre kevin) – e os papéis secundários de jessica chastain e octavia spencer. está também nomeado para melhor filme – drama, categoria onde este ano competem seis filmes em vez dos habituais cinco. a saber os restantes: cavalo de guerra, de steven spielberg; a invenção de hugo, de martin scorcese; moneyball – jogo de risco, de bennett miller [ver caixa]; nos idos de março, de george clooney; e os descendentes, de alexander payne (estreia a 19).
clooney em grande: está também nomeado para melhor actor – drama (por os descendentes), disputando o globo com ryan gosling, protagonista do filme que realizou.
jodie foster e kate winslet travam outro duelo curioso. as actrizes de o deus da carnificina competem ambas pelo globo de melhor actriz – comédia ou musical, distinção à qual também concorre michelle williams (a minha semana com marilyn).
se a tradição se cumprir, é provável que a categoria de melhor filme estrangeiro premeie o tema humanista de in the land of blood and honey, estreia de angelina jolie na realização com uma história de amor na guerra da bósnia – passando ao lado de uma separação, de asghar farhadi.