E que contraste faz este social-democrata alemão com o homem de consensos que é o anterior presidente, o conservador polaco Jerzy Buzek. Do discurso proferido em Estrasburgo, deu que falar quando reconheceu o óbvio, mas que poucos têm o desassombro de dizer: «Pela primeira vez desde a sua fundação, o fracasso da União Europeia é um cenário realista».
Mas seria injusto citar apenas essa passagem. Schulz relembrou que o espírito da UniãoEuropeia assenta no método comunitário, ou seja, em «substituir o direito do mais forte pela solidariedade e pela democracia» e em «garantir o equilíbrio de interesses entre Estados pequenos e Estados grandes». Para de seguida lastimar a sucessão de cimeiras e de encontros entre chefes de Governo ao arrepio do escrutínio dos eleitores. «Declaro guerra, aqui e agora, a quem pensa que é possível ter mais Europa com menos parlamentarismo!». E prometeu vir a fazer-se ouvir nas próximas cimeiras, mesmo não sendo convidado.
Um início de mandato que augura um reequilíbrio de poderes entre Comissão, Conselho e Parlamento. Mas que começou com Schulz – que quer aprofundar a democracia em Bruxelas – a cometer o pecadilho de ter aceitado a eleição num método assente na rotatividade entre grupos políticos maioritários.