Nomeação polémica na Estradas de Portugal

A empresa Estradas de Portugal (EP), gestora pública da rede rodoviária nacional, nomeou em Dezembro um ex-deputado e militante do PS, Luís Maldonado Gonelha, como director de projecto de eficiência energética.

o nome de maldonado gonelha, que é quadro da ep, foi proposto pelo administrador rui dinis, também ele militante do ps na federação de aveiro.

a administração da ep em funções, composta apenas por três membros devido à renúncia do presidente almerindo marques e do seu n.º 2, eduardo gomes, foi nomeada pelo anterior governo de josé sócrates.

as ligações partidárias entre dinis, figura próxima do ex-secretário de estado paulo campos, e gonelha, aliada à falta de experiência deste último na área energética, está a causar perturbação na ep, apurou o sol.

de facto, o ex-parlamentar, filho do militante histórico do ps e ex-ministro antónio maldonado gonelha, é licenciado em engenharia de minas, tendo recebido formação igualmente na área de segurança, higiene e saúde no trabalho. foi nesta área que gonelha foi director do respectivo departamento na ep_até 2005.

como novo director de projecto de eficiência energética, maldonado gonhelha irá ganhar 3.583 euros brutos, acrescidos de 716, 60 euros a título de subsídio de refeição.

ep diz que gonelha cumpre critérios

contactado pelo sol, rui dinis assegura que «as filiações politico-partidárias dos seus quadros, não constitui no presente, ou alguma vez constituiu no passado, critério» para escolhas da ep «para funções que são exclusivamente de natureza profissional».

dinis, que é o líder oficioso da ep_desde a saída de almerindo marques, diz que luís maldonado gonelha «reúne todos os critérios necessários e adequados à fase de organização e constituição do projecto de eficiência energética». contudo, e apesar de questionado sobre a especial aptidão de gonelha na área de eficiência energética, rui dinis não especificou os critérios por si referidos.

tal projecto, continua o gestor, nasceu «de exigências inadiáveis na melhor gestão dos seus recursos e envargos, bem como de obrigações legais imperativas» promovidas pelo programa de eficiência energética na administração pública, aprovado por resolução do conselho de ministros de 12 de janeiro de 2011.

rui dinis não explica, contudo, por que razão a ep levou um ano a nomear um gestor para essa área.

o_trabalho de luís maldonado gonelha visa «tomar conhecimento exaustivo da diversa legislação a que a empresa está sujeita, definir uma estratégia de actuação e, essencialmente, poupar os consumos e respectivos encargos», refere dinis. em suma: reduzir custos energéticos.

a ep estima que gastará 2,3 milhões de euros em 2012 com o consumo de energia eléctrica em edifícios, iluminação pública, semaforização na via pública e outros serviços como postos de emergência sos, câmaras e sensores de controlo de tráfego.

luis.rosa@sol.pt