para quem sente e vive num país mergulhado numa enorme crise, não deixa de ser animador constatar que quem até há tão pouco tempo andava de mão estendida perante as ajudas externas conseguiu inverter a situação de uma forma tão feliz. é certo que não é previsível que venhamos a descobrir petróleo e possamos dessa forma passar de país pobre a país rico, mas é sempre reconfortante. outro dado curioso das notícias brasileiras remetia-nos para o problema dos vistos e da emigração. «não é à toa que o presidente dos estados unidos, barack obama, anunciou que facilitará a entrada no país de turistas do brasil. em 2011, os brasileiros quebraram todos os recordes quando o assunto é gastar no exterior», lia-se no globo. por outro lado, noutro artigo, dava-se conta que também as receitas alcançadas com as verbas gastas por turistas estrangeiros no brasil bateram recordes.
voltando à relação dos americanos com os brasileiros, diga-se que as lojas mais caras da 5.ª avenida, em nova iorque, já há algum tempo que optaram por contratar empregadas brasileiras por forma a servirem melhor os seus novos clientes. é com estas decisões que podemos e devemos aprender. na avenida da liberdade, onde estão as lojas mais caras, sabe-se que os principais clientes são, neste momento, chineses, brasileiros e angolanos. a comunicação social, não raras vezes, faz artigos e peças televisivas num tom totalmente depreciativo para os novos clientes. é a inveja lusitana a funcionar no seu melhor. em vez de enaltecer quem faz negócio de uma forma transparente, ataca-se. em vez de se incentivar os estrangeiros a consumirem, quase que se pede que vão para outras paragens. talvez sejam resquícios do orgulhosamente sós. o mundo está a mudar a uma velocidade nunca vista e os países emergentes são os mais atacados. curiosamente, a rússia fica quase sempre de fora desses ataques. mais uma vez devem ser resquícios do passado. só que desta vez dos saudosistas da grande união soviética.
antes de embarcar, ainda tive oportunidade de ler outro artigo muito interessante. no egipto, o turismo está a cair a pique porque os fundamentalistas que assaltaram o poder começaram a proibir o consumo de álcool em muitas localidades, assim como determinaram que as mulheres não podem andar de biquínis nas praias outrora tão frequentadas. quem não se lembra da euforia do ocidente com a queda de mubarack e com as manifestações na praça tahrir? a mesma onde uma jornalista em serviço foi violada por dezenas de novos democratas.
escusado será dizer que outro país que mereceu fartos aplausos e muitos apoios, a líbia, se encontra a caminho de ser tomado pelos fundamentalistas que torturam os opositores e dizem não às mais elementares regras democráticas.
vitor.rainho@sol.pt