Bombeiros poupam milhares de euros ao atestarem viaturas em Espanha

Os Bombeiros Voluntários de Marvão (Portalegre) estão a atestar os depósitos dos veículos da corporação em Espanha, como forma de «combater a crise», chegando a poupar, anualmente, cerca de «seis mil euros» em combustíveis.

o presidente da corporação alentejana, joaquim bruno, explicou hoje à agência lusa que esta «é uma forma de combater a crise, que cada vez é pior».

«vamos a espanha, porque o preço do gasóleo é mais económico e porque fizemos várias vezes as contas e verificámos que a diferença do preço do gasóleo compensava um salário mensal de um dos trabalhadores», exemplificou.

perante este cenário, os veículos da corporação alentejana vão com frequência a espanha (fronteira a cerca de dez quilómetros de distância), a um posto de abastecimento de combustíveis junto a valência de alcântara, na província de cáceres.

«em espanha pagamos no final do mês. por norma até somos nós que ligamos a dizer para passarem a factura. temos a maior confiança com o proprietário do posto de abastecimento de combustível», relatou.

a viver várias dificuldades financeiras, os bombeiros de marvão, fundados em maio de 2002, contam com nove funcionários a tempo inteiro e cerca de 50 voluntários, possuindo ainda uma frota de veículos significativa.

as viaturas foram adquiridas pela associação humanitária dos bombeiros voluntários de marvão ao longo dos anos, fez ainda questão de salientar joaquim bruno, lamentando que o estado não tenha contribuído com qualquer verba.

«o estado nunca deu para aqui nenhum veículo, embora tenha prometido que dava um carro, mas até agora não o temos», disse.

a lusa acompanhou dois veículos dos bombeiros de marvão que foram atestar ao posto de abastecimento espanhol, situado a poucas centenas de metros da fronteira portuguesa.

mas os bombeiros não são caso único. no local, foi possível constatar a presença de vários outros portugueses, que também atestavam as suas viaturas.

no posto de abastecimento de combustível do outro lado da fronteira trabalham igualmente seis portugueses, o que faz com que a língua de camões seja a que «mais ordena» naquele espaço.

daniel martins, um dos funcionários lusos da gasolineira espanhola, há já «cinco anos», adiantou à lusa que «60 por cento» dos clientes daquele espaço são portugueses.

«todos os dias, vêm aqui dezenas de portugueses abastecer e os bombeiros de marvão também», relatou.

para este português, «é o mesmo de estar em casa», uma vez que a presença de portugueses no seu local de trabalho é «uma constante».

daniel martins acrescentou que, «cada vez mais», os portugueses procuram aquela bomba para «atestar de gasóleo» as suas viaturas e também para adquirirem «farinhas para o gado, gás e algumas mercearias» no supermercado do posto de combustíveis.

presença assegurada nos próximos tempos naquela gasolineira espanhola é a das viaturas dos bombeiros de marvão, que rejeitam atestar os seus carros em solo português, enquanto não forem alteradas as políticas de preços dos combustíveis.

lusa/sol