o comportamento dos craques é copiado por milhões de fãs e muitas das modas, algumas de um mau gosto assustador (vejam-se os penteados à moicano), espalham-se pelos quatro cantos do planeta. há uns 20 anos era difícil encontrar alguém careca que não o fosse por questões genéticas. também as tatuagens eram próprias de ex-militares que gravavam na pele o amor de mãe ou de marido ou de pai. com o passar dos anos, alguns jogadores passaram a ter um estatuto que lhes permite criar amizades com as grandes vedetas de hollywood ou com os grandes estilistas. as vestimentas que usam vendem-se como garrafas de água no deserto. pode dizer-se que são uns verdadeiros modelos e que os jovens os seguem cegamente. o problema surge quando dão maus exemplos, atendendo a que as questões de roupa, tatuagens ou penteados a cada um diz respeito e são inofensivas. pode achar-se de bom ou mau gosto, mas não interferem no comportamento dos seus fãs. o mesmo não se passa quando tomam atitudes agressivas ou de falta de educação, uma vez que os fãs de uma ou de outra forma vão entendê-las como normais e vão replicar os exemplos que viram no estádio ou na televisão.
a este propósito lembro-me de um actor que, tanto quando me lembro, fazia quase sempre papel de mau, james cagney. num dos muitos filmes de gangsters que protagonizou, foi condenado à morte e o padre que o acompanhava à sala de execução tentava convencê-lo a chorar e a dizer que tinha medo de morrer para que os outros pequenos gangsters não seguissem o caminho da violência.
vem esta conversa a propósito do que luis suárez, jogador do liverpool, fez a patrice evra, do manchester united, quando na habitual troca de saudações antes do jogo se recusou a cumprimentar o seu adversário. a história, já de si nada dignificante (noutro jogo suárez tinha sido suspenso por alegadamente ter feito insultos racistas à cor de evra), foi logo copiada num dos jogos seguintes da liga inglesa. e quem é que teve a atitude de não cumprimentar o colega de ocasião? um petiz que não terá mais de 10 anos. antes dos jogos, as equipas entram em campo de mãos dadas com pequenos craques eestes cumprem o mesmo ritual dos graúdos. curiosamente, suárez só pediu desculpa pela sua atitude porque a isso terá sido obrigado pelo principal sponsor da equipa. as marcas sabem que não podem estar associadas a maus exemplos. e é triste que sejam questões meramente comerciais a determinar os bons ou maus costumes.
vitor.rainho@sol.pt