Beja: Família Esperança planeava sair do país

Benvinda Esperança e o marido planeavam mudar de cidade e até falavam em abandonar o país. «A Benvida dizia-me: um dia chegas aqui de manhã e já não me vês» – contou ao SOL uma amiga da empresária.

«o negócio não corria bem e eles estavam à procura de outras oportunidades de negócio», acrescenta. há mais de um ano, de resto, que a casa estava à venda mas, segundo o sol apurou, a vivenda não tinha registada qualquer penhora, mas apenas duas hipotecas, fruto de três empréstimos contraídos pelo casal, num montante superior a 200 mil euros.

agora, duas semanas depois do triplo homicídio, seguido de suicídio, o anúncio foi entretanto retirado pela imobiliária. e a casa continua fechada.

nos próximos dias, os irmãos de benvinda deverão mandar limpar a habitação e só depois se decidirá o futuro deste e dos outros bens do casal. «deverá ser um dos sobrinhos da benvinda a tratar de tudo», adianta outra amiga da família, referindo-se a manuel zambujo. era a ele que benvinda recorria para controlar o comportamento extravagante do marido por causa do consumo excessivo de álcool – um vício que terá nascido com a experiência de guerra que francisco teve na guiné, de onde trouxe a catana com que assassinou a família.

as sessões espíritas que o homicida frequentava há vários meses, num centro espírita em sines, também não resolveram o problema. «o espiritismo não o ajudou, pelo contrário, só piorou», conta outra amiga íntima da família.

consciente da dependência do marido – portador de depressão crónica –, benvinda sabia que tinha de procurar ajuda médica, como aliás aconselharam os psiquiatras que assinaram a perícia realizada no ano em que foi preso.

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