Por isso, sempre olhei para as diferentes realidades com prazer e os próprios sotaques são motivo de regozijo, em vez de troça. O que é melhor ou pior nunca me interessou catalogar numa lista concorrente com a capital, de onde sou originário. Houve noites noPorto onde as pessoas me questionavam se achava que eram melhores ou piores do que as de Lisboa, ao que respondia, invariavelmente, que eram diferentes, apesar de estar mais familiarizado com as da minha cidade. Diverti-me imenso nas já longínquas 48 Horas Non Stop do Pacha de Ofir, da mesma forma que o fiz em festas no Algarve ou em Lisboa. As boas recordamos, as más gostamos de esquecer.
Há dias estava a percorrer a marginal que vai da Régua até ao Pinhão e tive o sabor doce de recordar como este país tão acolhedor absorve duas das marginais mais fantásticas que conheço. Além da do Douro, falo da do Estoril. Enquanto esta última, às portas da capital, vai recuperando algum encanto no que à restauração diz respeito, no Douro, no trajecto descrito, são poucas ainda as ofertas. Mas há uma que justifica plenamente uma visita à hora do jantar. No D.O.C., Folgosa, Armamar, encontramos o restaurante que nos satisfaz os vários sentidos. A refeição estava magnífica – apesar de algumas reticências pré-concebidas –, mas a noite com vista para o soberbo Douro estava explosiva, se atendermos ao mimo final do chefe. De nome Explosivo, o ‘aperitivo’ final parecia que irradiava música no paladar. Mas a música era de Camané que saía das colunas de som…
Há uns bons 13 anos fiz duas subidas do Douro, partida do Porto e chegada à Régua, em que os DJ de serviço no barco não davam descanso nem aos peixes. A própria água do rio esboçava um sorriso tal era a quantidade de animação a bordo.
Os vários estilos e diferentes ondas é que fazem a riqueza de um país. Não é a monotonia.
vitor.rainho@sol.pt