nunca temos uma segunda oportunidade para causar uma primeira impressão. por isso, a primeira vez que vemos alguém que nos impressiona e que essa pessoa olha para nós e nos vê, ali mesmo em frente, ao vivo e a cores, é muito importante.
não interessa quem procurou quem ou quem olhou primeiro; só interessa o instante mágico em que nos encontramos com o outro olhar e pensamos: «isto é bom, é aqui que quero ficar, nem que sejam cinco minutos».
estes encontros não acontecem muitas vezes e podem mudar o rumo da nossa vida. mas isto não quer dizer que o caminho esteja traçado. nem pensar. depois do primeiro olhar, podemos e devemos escolher tudo o que dizemos e todos os gestos que fazemos. o outro está à espera de sinais, e nós à espera dos sinais dele para continuarmos a emitir os nossos. e tal como devemos conhecer o código da estrada, também é importante saber interpretar os códigos de comunicação.
uma mão que passa ao de leve e de forma breve na cintura quer dizer muito mais do que um elogio; é já um acto de afirmação. quando o homem deseja uma mulher, tem vontade de lhe tocar. os mais clássicos podem agarrar as mãos, os mais ternos fazem uma festa no cabelo ou na cara, os mais atrevidos agarram o antebraço. o toque é um sinal inequívoco de interesse e o olhar reforça tudo.
quando um homem fixa os olhos de uma mulher, está ao mesmo tempo a tentar seduzi-la e a tentar perceber o grau de interesse dela por ele. e, mesmo que ela não corresponda, ele não desiste. pelo contrário, vai insistindo, até perceber que não vale a pena. nestes casos, o melhor é evitar a todo o custo voltar a cruzar o olhar, porque uma não resposta é sempre uma resposta, e por isso ignorar alguém é a melhor forma de o pôr fora de jogo.
o primeiro olhar não diz tudo, mas diz muito. eu gosto de olhares que agarram, que colam e não despegam. olhares que se prologam, que enfrentam, que desafiam, que perguntam, que falam e que ouvem. olhares fortes e temerários, interessados, decididos, concentrados, sintonizados. olhares de frente que não se desviam, que não temem nem se assustam. o primeiro olhar pode enganar, mas se for directo e límpido, está a querer dizer-nos alguma coisa, e pelo menos isso devemos ouvir.
ouvir o olhar é um acto de fé. aquela pessoa que está à nossa frente é um desconhecido. podemos saber quem é através de amigos ou nunca ter ouvido falar dela. até já podíamos ter uma ideia pré-concebida, ou não, mas aquele instante é que vale, é que conta, é que interessa. ouvir um olhar de alguém que nos quer falar, antes e depois de qualquer palavras, é um acto de coragem. até porque em bom rigor, nunca ninguém sabe o que vem a seguir. mas vale sempre a pena pensar que vai valer a pena.