A lei da procura…

Alguns hotéis estão a seguir a política do ‘tudo incluído’, levando ao desespero os restaurantes das redondezas.

Se os clientes saem almoçados ou jantados das unidades hoteleiras é natural que não consumam nos outros estabelecimentos por onde circulam. No que à noite diz respeito, a filosofia do bar aberto, que em alguns casos foi recuperada, não parece augurar nada de bom. Em primeiro lugar, porque essa modalidade é praticada sobretudo pelos mais jovens, o que leva a situações-limite, onde muitos menores bebem até à inconsciência. Em Portugal consegue-se quase tudo no que aos costumes diz respeito. Há ‘guerra’ declarada ao tabaco, mas milhares de miúdos com menos de 16 anos circulam nas principais discotecas do país, sem que suceda alguma coisa aos responsáveis.

Em segundo lugar, as bebidas, por incrível que pareça, começam a ser, de novo, ‘marteladas’, e os clientes mais incautos acordam depois de uma noite de copos como se tivessem sido atropelados por um comboio.

Mas se os ‘bares abertos’ não merecem grande simpatia, também as noites de ‘pagamento obrigatório’ sem direito a consumo não acolhem muitos adeptos. Percebe-se que é preciso pagar um preço pelos DJ contratados, mas são poucos os que gostam de sentir que ao irem a uma discoteca ‘estão’ a ir a um concerto no Coliseu ou a outra sala de espectáculos.

Lá fora, isso é comum, mas por cá a tradição ainda é o que era. Os DJ, no futuro, terão de reduzir os seus cachets, pois começam a não ser rentáveis. Quem sai à noite procura a sua música preferida, mas também olha para a carteira. E se o consumo mínimo for muito elevado opta por ir a outro lugar. Cada vez mais, um DJterá de ter a capacidade de ‘dar’ à casa mais do que cobra pela sua actuação. Já vi discotecas praticamente às moscas, se atendermos à sua dimensão, com verdadeiros artistas dos pratos. Os tempos estão de mudança, e os artistas/autores são os que mais irão sofrer. Até aqui podiam pôr a música que queriam, no futuro terão de ir mais ao encontro dos clientes. Por alguma razão, alguns dos DJconceituados a nível internacional optam já por entrar em sonoridades mais dançáveis… É que não querem pistas vazias.

vitor.rainho@sol.pt